Açoriano Oriental
Exposição nas Furnas retrata "invisibilidade do trabalho doméstico"

Três instalações, vídeos e testemunhos em áudio integram uma exposição que tem a intenção de retratar “a invisibilidade do trabalho das mulheres”, e é inaugurada este fim de semana nas Furnas, na ilha de São Miguel.

Exposição nas Furnas retrata "invisibilidade do trabalho doméstico"

Autor: Lusa/AO Online

A mostra intitulada “Práticas Laboriosas do Enxofre”, que pode ser visitada até segunda-feira no Centro de Monitorização e Investigação das Furnas, na ilha de São Miguel, é um projeto do "Coletivo Corisca", formado por Mafalda Araújo, Maria Novo e Sancha Castro, três artistas do continente que desenvolvem projetos nos Açores.

O projeto expositivo tem curadoria de Marina Rei (Reina del Mar) e sonorizaçao de Inês Malheiro.

Esta exposição retrata “a invisibilidade do trabalho doméstico e, ao mesmo tempo, o desdobramento deste trabalho”, tendo como "ponto de partida" a caldeira das Furnas e o cozido confecionado no interior das fumarolas, "um acontecimento que reúne as famílias e cuja preparação é liderada pelas mulheres, mas cujo trabalho acaba por não ser tão valorizado", sublinhou à Lusa Mafalda Araújo.

Segundo a artista, a mostra "coloca a caldeira das Furnas e o cozido como um palco" para se "pensar a performatividade do género e o trabalho doméstico invisível e poucas vezes valorizado".

As Furnas, no concelho da Povoação, são um dos principais pontos turísticos da ilha de São Miguel e são conhecidas pelas suas fumarolas e nascentes de águas termais e pelo seu cozido feito debaixo da terra.

Segundo Mafalda Araújo, a exposição resulta de dois anos de investigação do Coletivo Corisca, período durante o qual foram realizadas várias entrevistas, com a parceira da UMAR – União de Mulheres Alternativa e Resposta.

"Pegamos na Caldeira das Furnas como um ponto de partida. E, focando no cozido, assistimos a um ritual especial que não começa nas caldeiras, mas nas cozinhas privadas das mulheres de toda a ilha que, na privacidade das suas casas, o vão preparando", assinalou a artista à Lusa.

Na prática, a confeção do cozido "acaba por dar mais protagonismo aos homens", por causa da "perfomance que desempenham no espaço público em torno das fumarolas, cavando ou tirando o prato”.

As mulheres “aparecem como meras assistentes quando, na verdade, foram elas que planearam e organizaram o evento familiar".

A curadora da exposição realçou que a mostra é composta por "três instalações onde se pretende fazer uma analogia entre as mulheres e a terra".

Marina Rei explicou que a exposição conta com vários outros suportes, como máquinas, por exemplo uma alfaia agrícola e várias outras peças, assim como "uma estrutura que faz uma alusão ao vapor sulfúrico e alguns ensaios audiovisuais".

A exposição, no Centro de Monitorização e Investigação das Furnas, localizado numa das margens da Lagoa, é de entrada gratuita.


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