Dezenas juntam-se em Lisboa para exigir fim das mortes na Palestina e dos combustíveis fósseis

Dezenas de pessoas juntaram-se em Lisboa para exigir o fim das mortes na Palestina e da energia fóssil até 2030, denunciando, na véspera das eleições europeias, a falta de resposta das instituições da Europa a estas crises.



Convocada pelo movimento “Fim ao Genocídio, fim ao fóssil”, a marcha “Unidas contra o Colapso” estava marcada para começar às 15:00, mas arrancou cerca de uma hora mais tarde do jardim do Príncipe Real para rumar até ao gabinete de representação do parlamento europeu em Lisboa, a aproximadamente um quilómetro de distância.

“Estamos aqui no contexto das eleições europeias para dizer que as instituições estão a falhar em dar resposta a estas duas crises: ao genocídio que está a acontecer e à crise climática. Estas eleições dão o mandato no qual será necessário pôr fim a este genocídio e que permite que a transição seja feita e resolver a crise climática nos prazos que a ciência nos dá. Não existem neste momento planos para isso acontecer”, disse Joana Fraga, uma das porta-vozes da iniciativa.

Sublinhando que é preciso acabar com o “conforto” das instituições europeias relativamente ao conflito em Gaza e ao combate à crise climática, Joana Fraga rebateu também a ideia de que a União Europeia seja um dos pontos do mundo onde o cumprimento de metas para a transição climática esteja mais avançado.

“Não sei onde estamos a contribuir ativamente para essa transição, quando somos dos países que estamos a explorar o sul global para perpetuar e acentuar esta crise”, indicou, sem deixar de notar que os ativistas vão continuar a manifestar-se “enquanto durar o genocídio e o escalamento da crise climática”.

Já José Borges, outro dos porta-vozes do movimento, salientou a necessidade desta iniciativa para dar visibilidade ao que considerou ser as “medidas insuficientes” da União Europeia para a questão do clima e de Gaza.

“Estes dois problemas são sintomas da mesma doença: o imperialismo. Se por alguma razão se permite que haja um genocídio e bombardeiem escolas e pessoal não militar, é também porque existe um sistema que permite que se ponha o lucro à frente da vida das pessoas e isso também é evidenciado na crise climática”, observou, preconizando o fim dos combustíveis fósseis até ao final desta década e “um boicote” da Europa a Israel.

Controlado de perto por um dispositivo policial desde o início ao fim do percurso, o movimento agregou representantes de diferentes grupos de ativistas climáticos, como Mariana Rodrigues, do grupo Climáximo, que justificou a ligação da luta contra as alterações climáticas ao conflito israelo-palestiniano.

“Não são causas separadas. Por um lado, a crise climática é o contexto atual, a própria guerra e o genocídio na Palestina está a acontecer no meio da crise climática. Neste momento, a Palestina é uma das áreas que mais está a sofrer com as alterações climáticas e o pouco acesso à água. O que está a causar a crise climática e o genocídio na Palestina está interligado: colocar o lucro acima da vida e das pessoas”, afirmou à Lusa a ativista.

Mariana Rodrigues lembrou igualmente que as eleições para o parlamento europeu preveem um mandato dos futuros eurodeputados até 2029, um período que coincide com um dos objetivos destes ativistas: o fim do uso de energia fóssil até 2030.

“É o último mandato para parar o colapso climático. Sabemos que nenhum dos partidos está a apresentar planos compatíveis com a crise climática e nesse sentido sabemos que têm de ser as pessoas unidas a atuarem. Vamos garantir que esse é um processo com justiça social, porque sabemos que os governos e as empresas estão ativamente a não o fazer”, frisou.

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