Autor: Lusa / AO online
Maria José Araújo, do Centro de Investigação e Intervenção Educativa da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto, considera que as AEC propostas às crianças para ocupar o seu tempo livre depois das aulas devem ser "actividades lúdicas, que vão de encontro à sua vontade e interesse", nas quais elas possam escolher o que fazer, como ter música ou pintar, por exemplo.
Se as AEC forem "demasiado orientadas, as crianças forem obrigadas a fazer [determinada actividade] e se forem mais aulas depois das aulas, penso que é muito cansativo e contraproducente", acrescentou.
A especialista destacou que as AEC fazem parte do modelo de Escola a Tempo Inteiro que o Governo está a implementar, e que são "uma medida 'socialmente útil', que é feita a pensar nos pais", que podem trabalhar enquanto a escola mantém as crianças ocupadas.
Porém, "estamos a falar de crianças muito pequenas que demonstram o cansaço das mais diversas formas, a que por vezes damos o nome de indisciplina", destacou.
Maria José Araújo realçou ainda que o sistema propõe, na maioria das escolas, pelo menos duas aulas de 45 minutos cada, das 16:00 às 16:45 ou das 16:45 às 17:30.
Desta forma, as crianças mais pequenas, que entram na escola às 09:00, "trabalham na escola cerca de seis a sete horas diárias, o que equivale a dizer que elas no seu 'ofício de aluno' trabalham o mesmo que um adulto".
"Há muitos educadores (pais e professores) preocupados com isto. De tal modo, que quando têm hipótese, não deixam os seus filhos na escola depois do horário lectivo", destacou.
A especialista destaca que "apesar dos educadores pensarem nas crianças quando fazem as actividades, a verdade é que raramente estas actividades surgem de um diálogo prévio com elas", mas antes de "um conjunto de orientações que o Ministério propõe, a autarquia tenta organizar e os professores tentam seguir".
Segundo a investigadora, a decisão sobre a forma como funcionam estas actividades está ligada à concepção que a sociedade tem da infância e de saber se "as actividades devem ser pensadas com as crianças ou para as crianças".
Maria José Araújo explica que, para os mais conservadores, este processo por que passa actualmente o primeiro ciclo "representa o regresso à escola tradicional", apostando nas disciplinas consideradas "nobres" (o português e a matemática) em detrimento das disciplinas menos consideradas, como as áreas de expressão.
Para os que defendem uma escola mais participada e respeitadora do trabalho dos professores e da cultura das crianças, a rigidez do programa proposto "representa um retrocesso, numa versão mais autoritária, e tem sido considerada como um atentado à liberdade de aprender e ensinar".
Neste contexto, a investigadora defende que "as actividades de enriquecimento devem ser pensadas com as crianças", dando-lhes oportunidade de exprimirem o que sentem e exteriorizarem a sua subjectividade.
Se forem demasiado programadas, "deixando para a criança somente um espaço de execução, o processo de exploração das potencialidades da criança perde-se, pelo menos parcialmente, porque ela já não se entrega por inteiro num acto que já não vê como sendo autenticamente brincar", concluiu.
Se as AEC forem "demasiado orientadas, as crianças forem obrigadas a fazer [determinada actividade] e se forem mais aulas depois das aulas, penso que é muito cansativo e contraproducente", acrescentou.
A especialista destacou que as AEC fazem parte do modelo de Escola a Tempo Inteiro que o Governo está a implementar, e que são "uma medida 'socialmente útil', que é feita a pensar nos pais", que podem trabalhar enquanto a escola mantém as crianças ocupadas.
Porém, "estamos a falar de crianças muito pequenas que demonstram o cansaço das mais diversas formas, a que por vezes damos o nome de indisciplina", destacou.
Maria José Araújo realçou ainda que o sistema propõe, na maioria das escolas, pelo menos duas aulas de 45 minutos cada, das 16:00 às 16:45 ou das 16:45 às 17:30.
Desta forma, as crianças mais pequenas, que entram na escola às 09:00, "trabalham na escola cerca de seis a sete horas diárias, o que equivale a dizer que elas no seu 'ofício de aluno' trabalham o mesmo que um adulto".
"Há muitos educadores (pais e professores) preocupados com isto. De tal modo, que quando têm hipótese, não deixam os seus filhos na escola depois do horário lectivo", destacou.
A especialista destaca que "apesar dos educadores pensarem nas crianças quando fazem as actividades, a verdade é que raramente estas actividades surgem de um diálogo prévio com elas", mas antes de "um conjunto de orientações que o Ministério propõe, a autarquia tenta organizar e os professores tentam seguir".
Segundo a investigadora, a decisão sobre a forma como funcionam estas actividades está ligada à concepção que a sociedade tem da infância e de saber se "as actividades devem ser pensadas com as crianças ou para as crianças".
Maria José Araújo explica que, para os mais conservadores, este processo por que passa actualmente o primeiro ciclo "representa o regresso à escola tradicional", apostando nas disciplinas consideradas "nobres" (o português e a matemática) em detrimento das disciplinas menos consideradas, como as áreas de expressão.
Para os que defendem uma escola mais participada e respeitadora do trabalho dos professores e da cultura das crianças, a rigidez do programa proposto "representa um retrocesso, numa versão mais autoritária, e tem sido considerada como um atentado à liberdade de aprender e ensinar".
Neste contexto, a investigadora defende que "as actividades de enriquecimento devem ser pensadas com as crianças", dando-lhes oportunidade de exprimirem o que sentem e exteriorizarem a sua subjectividade.
Se forem demasiado programadas, "deixando para a criança somente um espaço de execução, o processo de exploração das potencialidades da criança perde-se, pelo menos parcialmente, porque ela já não se entrega por inteiro num acto que já não vê como sendo autenticamente brincar", concluiu.