Açoriano Oriental
Contas da SATA podem “fragilizar”negociação da privatização

O presidente da direção da Câmara de Comércio e Indústria de Ponta Delgada (CCIPD), Gualter Couto, classificou os resultados do Grupo SATA de 2024 como “muito negativos” e alertou para a possibilidade de “fragilizarem” a negociação que está a decorrer para a privatização da Azores Airlines

Contas da SATA podem “fragilizar”negociação da privatização

Autor: Carolina Moreira

Em 2024, as companhias do Grupo SATA apresentaram um prejuízo acumulado de 82,8 milhões de euros (ME), mais do dobro dos 36 ME registados em 2023. No ano passado, o resultado líquido da Azores Airlines foi negativo em 71,2 ME, enquanto a SATA Air Açores reportou um prejuízo de 11,6 ME.

Em entrevista ao Açoriano Oriental, Gualter Couto frisou que “estes resultados fragilizam sempre qualquer negociação de alienação de capital de uma empresa, seja ela qual for”. 

Sobre o que estará por detrás dos maus resultados, o presidente da CCIPD frisa que são vários os “fatores extraordinários que são apontados”, indicando como “talvez o principal” o processo judicial com a Hifly, “referente aos encargos contratuais relacionados com uma aeronave A330 (”Cachalote”) dos quais resultaram em impactos acumulados superiores a 30 milhões de euros”. 

Gualter Couto mostrou-se ainda “preocupado” com o facto de também a SATA Air Açores ter piorado os seus resultados ao reportar um prejuízo de 11,6 ME em 2024 face aos 10 ME registados em 2023. “Ninguém ganha com um grupo como a SATA frágil. Os prejuízos agravados em 2024 refletem desafios estruturais significativos”, considerou o empresário.

Quanto aos resultados operacionais, Gualter Couto considerou que a melhoria verificada se deve sobretudo à “conjuntura atual” e à “dinâmica do setor do turismo”, bem como à “fraca concorrência na época baixa”.

“Esperavam-se resultados operacionais bem mais elevados, não fossem os custos com os ACMI terem também disparado, entre outros”, ressalvou.

Para o representante dos empresários de São Miguel e  Santa Maria, “a eficácia do Plano de Sustentabilidade Financeira será crucial para a recuperação financeira do grupo nos próximos anos”.

Recorde-se que o Plano de Sustentabilidade Financeira foi apresentado pelo presidente da SATA, Rui Coutinho, em janeiro deste ano, como um pacote com cerca de 40 medidas para reduzir custos e aumentar receitas, com o objetivo de obter já em 2025 um ganho estimado em 65 ME.

Na ocasião, o presidente da SATA disse ainda que o resultado líquido de 2024 não deveria ficar muito distante dos 43,6 ME de prejuízo acumulado até ao terceiro trimestre do ano passado, mas a verdade é que o grupo terminou 2024 com quase o dobro do prejuízo previsto (82,8 ME).

Apesar disso, na divulgação das contas do Grupo SATA na passada semana, Rui Coutinho frisou que está “convicto que o ano de 2024 foi, por várias razões, um ano de inflexão e que o ano de 2025 será certamente um virar de página. A melhoria dos resultados obtidos nos primeiros meses de 2025 indicam que estamos no bom caminho”, sustentou em comunicado emitido no passado dia 6 de junho.

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