Autor: Carolina Moreira
O presidente do Governo Regional, José Manuel Bolieiro, revelou ontem que as escolas da Região integraram recentemente 47 crianças oriundas de cerca de 30 famílias que regressaram do Canadá por dificuldades económicas.
“São cerca de 47, todos muito bem integrados, o que significa que houve famílias que, por vontade própria, regressaram aos Açores e estão, obviamente, na plena integração social, laboral, económica e educativa”, destacou o líder do executivo, adiantando que irão “continuar a chegar” tendo em conta o “aumento do custo de vida” no Canadá.
Em declarações aos jornalistas no Palácio de Sant’Ana, em Ponta Delgada, após uma reunião com o presidente da AIMA - Agência para a Integração, Migrações e Asilo, Pedro Gaspar, José Manuel Bolieiro revelou ainda que, recentemente, foram deportadas cinco pessoas para os Açores - três do Canadá e duas dos Estados Unidos da América (EUA).
“Os Açores foram pioneiros em ter um plano de contingência para deportações que está pronto e que não foi acionado por desnecessidade. Tanto que, em termos de deportações, temos cinco, curiosamente a maioria do Canadá. Portanto, está relativamente controlado, o que é positivo”, frisou.
Após a reunião com a AIMA, o presidente do Governo Regional considerou que os Açores são “um caso de sucesso de integração” de migrantes, avançando que, de acordo com dados de 2023, encontravam-se integrados na Região cerca de 6200 imigrantes. “E os dados de 2024 apontam para um aumento”, frisou.
“Há um bom acolhimento, as pessoas estão bem integradas. Nós aqui recebemos bem os imigrantes e integramos bem as suas opções de imigração económica, isto é, de trabalho e de inserção social e cultural pacífica”, salientou, alertando contudo para a necessidade de “estarmos vigilantes”.
Nesse sentido, Bolieiro revelou que o Governo Regional está a “construir um entendimento para uma possível relação colaborativa entre a administração regional autónoma e a própria AIMA” que prevê que esteja em vigor a partir de “julho”.
“Temos um território muito descontinuado, assimétrico em termos de população e, muitas vezes, a capacidade de prestar serviço administrativo em cada um dos nossos 19 concelhos não é muito racional em termos económicos e administrativos. Por isso, estamos a construir esta disponibilidade para uma colaboração, aproveitando a capacidade instalada da administração regional autónoma”, frisou Bolieiro, garantindo que o objetivo é “antecipar situações e garantir ainda mais eficácia e menos transtorno para os imigrantes” nos Açores.
Por seu lado, Pedro Gaspar, que se deslocou à Região para perceber a capacidade de resposta das unidades locais da AIMA aos imigrantes, mostrou-se satisfeito com a atuação da entidade que lidera.
“Posso constatar que temos uma panorama relativamente tranquilo na perspetiva de integração, articulação e dinâmica [nos Açores]. Em jeito de piada, podia dizer que não encontrei filas à porta, como noutros locais”, afirmou, salientando contudo que “há sempre capacidade para melhorar e ter outro caráter de eficiência”.
Em declarações ao Açoriano Oriental, o presidente da AIPA - Associação dos Imigrantes dos Açores, Leoter Viegas, identificou como prioridade a necessidade de agilizar o processo de renovação dos títulos de residência, da responsabilidade do Instituto dos Registos e do Notariado (IRN), uma vez que só existem dois balcões disponíveis, em São Miguel e Faial.
Apesar da situação não ser da alçada da AIMA, Pedro Gaspar mostrou disponibilidade para prestar auxílio perante os constrangimentos.
“Tivemos uma situação na Madeira em que, não sendo
responsabilidade da AIMA, a AIMA até assegurou as renovações
substituindo-se ao IRN nessa matéria. Portanto, naturalmente que nos
Açores estamos sempre recetivos a lançar mão ou poder ir em auxílio de
outro organismo que não tenha essa capacidade”, salientou.