Carlos César preocupado com incapacidade de Portugal se fazer ouvir no exterior

O antigo presidente do Governo Regional dos Açores, Carlos César, mostrou-se preocupado com aquilo que considera ser a "incapacidade" de Portugal se fazer ouvir no exterior, defendendo que o país "precisa de uma governação diferente".


 

“Preocupa-me a nossa incapacidade de nos fazermos ouvir nos contextos diplomáticos e negociais europeus e internacionais, o que não corresponde a uma tradição portuguesa”, afirmou Carlos César à agência Lusa, um mês depois de ter cessado funções de presidente do Governo açoriano.

O socialista Carlos César, que governou os Açores durante 16 anos consecutivos, cessou funções em novembro, com a tomada de posse do novo Governo Regional, liderado por Vasco Cordeiro, após a vitória do PS/Açores, com maioria absoluta, nas eleições regionais de 14 de outubro.

Além do crescimento da pobreza e da fragilidade empresarial, o antigo chefe do Executivo açoriano diz-se impressionado com o estado crescente de degradação do património cultural edificado em todo o território nacional, o que considerou ser “um mau sinal e sintoma do país que hoje temos”.

“Precisamos de uma governação diferente no país e de um governo sério na Europa e estamos a correr o risco de passar mais um ano sem um e sem outro”, afirmou Carlos César.

Quanto ao novo ano que agora se inicia Carlos César não tem dúvidas que “será muito difícil para todos” e com “grandes desafios a ultrapassar, sem mais adiamentos no plano nacional e plano europeu”.

“Gostaria que em 2013 o país pudesse evitar a adoção de novas medidas de austeridade e que o Estado revitalizasse as suas funções de apoio às famílias com quebra de rendimentos, que o Estado fosse mais presente nas políticas de reinserção social e de pequenas e médias empresas”, sustentou César, acrescentando que “é isso que o comum dos cidadãos aspira do Estado português e do seu Governo”.

No que respeita à política orçamental Carlos César gostaria que em 2013 a prioridade do Governo de Passos Coelho se concentra-se na renegociação do pagamento da dívida e não “no adensamento do martírio das famílias e das empresas para tentar satisfazer um pagamento impossível da dívida tal como está hoje programada”.

“Se pensarmos que bastaria que os juros que estamos a pagar fossem metade, e mesmo assim três vezes mais do que os pagos pelos alemães, para não serem necessários os mais quatro mil e tal milhões que o primeiro-ministro anda a reclamar como imprescindíveis, não se compreende como essa diligência não é uma prioridade nacional”, sustentou.

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