Autor: Lusa
José Manuel Bolieiro referiu que a região tem sido reconhecida, “embora de forma insuficiente”, quer pelo país, quer pela União Europeia, como região ultraperiférica, mas é agora tempo de se afirmar “como região de oportunidades”.
“Oportunidades para o nosso desenvolvimento e para o potencial estratégico do país e da União Europeia, nos seus enquadramentos geopolíticos”, afirmou o líder do executivo regional na sessão solene do Dia dos Açores, que este ano decorreu na Praia da Vitória, na ilha Terceira.
E prosseguiu: “No futuro coletivo regional, tão incerto quanto as perturbações do presente, devemos aspirar a que os valores de solidariedade, equidade, justiça social e dignidade humana continuem a guiar-nos nos Açores. E, com capacidade política, sermos dialogantes e referência de estabilidade”.
Acrescentou que todos estão desafiados a promover as transformações necessárias ao desenvolvimento dos Açores.
“Viver nos Açores é viver entre terra e mar, entre isolamento e abertura ao mundo, no Atlântico Norte, entre a ultraperiferia da Europa e a centralidade transatlântica. É este posicionamento Atlântico que nos confere oportunidade de sermos protagonistas das economias do futuro, focadas na sustentabilidade e nas transições digital, energética, tecnológica e científica, nas economias do mar e espacial, no domínio das relações externas, sob lideranças pelo exemplo, e na justa dimensão do nosso posicionamento geoestratégico”, sustentou.
Bolieiro também lembrou que na semana passada tomou posse o novo Governo da República e considerou o momento oportuno para “expressar renovadamente” a dimensão estratégica dos Açores.
“É o país que tem tudo a ganhar se souber valorizar, com inteligência e ação concreta, o potencial dos Açores. É a União Europeia que tem tudo a ganhar se souber contar com esta sua fronteira ocidental atlântica, para projetar o seu futuro, com relevância global”, afirmou.
E concretizou: “Relevância na inovação tecnológica, na liderança pelo exemplo da sustentabilidade da vida humana, vegetal e animal neste planeta, ou na competitividade e crescimento nas novas economias, designadamente a azul, a verde e a tecnológica, consideradas as transições incontornáveis da atualidade como a climática, a energética e a digital”.
O líder do executivo açoriano destacou ainda a “enorme dimensão marítima e espacial” dos Açores, que dão “centralidade global” ao território.
“Nem todos têm consciência dessa realidade, mas faço lembrar que Portugal tem uma das maiores áreas marítimas do mundo. A nossa Zona Económica Exclusiva tem cerca de 1,7 milhões de km2, o que faz de Portugal o 5.º maior país europeu em dimensão marítima e o 20.º maior do mundo”, esclareceu.
O mar dos Açores “representa 56% do mar do país” e isso deve ser considerado nas estratégias de “desenvolvimento coeso e coletivo, de todo o território de Portugal e de todos os portugueses”.
As comemorações que hoje decorrem na Praia da Vitória são uma organização conjunta da Assembleia Legislativa e do Governo Regional açoriano, na sequência da instituição do Dia da Região Autónoma dos Açores, em 1980, para comemorar a açorianidade e a autonomia.
A data, feriado regional, é celebrada na segunda-feira do Espírito Santo.
Na sessão solene foram impostas 20 insígnias honoríficas açorianas que distinguem cidadãos e entidades que se tenham destacado "por méritos pessoais ou institucionais, atos, feitos cívicos ou por serviços prestados à região”.
Foi atribuída uma insígnia autonómica de valor, quatro insígnias autonómicas de reconhecimento, duas de mérito profissional, uma de mérito industrial, comercial e agrícola e doze insígnias autonómicas de mérito cívico.