Autor: Lusa/A Online
Discursando no Parlamento, durante o segundo dia de debate do Programa do Governo, Luís Fazenda considerou que as palavras do primeiro-ministro, José Sócrates, de que “não pode haver ajustes de contas”, é uma “forma mesquinha de ver o debate político” e de não reconhecimento de “centralidade do Parlamento”.
“Estamos aqui a dizer que o Parlamento, sem negar qualquer possibilidade de intervenção da esfera própria do executivo, a reserva de administração, o papel negocial com os sindicatos, tudo isso será obviamente respeitado, pode assumir capacidade legislativa em relação ao sector da Educação e em relação à querela que o Governo manteve intransigentemente com os professores”, afirmou.
“Será isto uma coligação negativa? Não, isto é nem mais nem menos que o normal funcionamento das instituições democráticas”, advogou, recomendando a José Sócrates uma “reconciliação com a Constituição da República”.
Luís Fazenda criticou a forma como o executivo socialista se apresentou no debate do Programa do Governo, considerando que foi “um mau começo”.
“O Governo não é de maioria absoluta, não, não é, mas é quase, é um Governo minoritário absoluto, é qualquer coisa assim”, atirou, com ironia.
Jogando com as palavras do antigo primeiro-ministro socialista António Guterres, que num dos seus governos de maioria relativa disse que preferiria a espada à parede se a oposição o colocasse nessa situação, Fazenda acusou Sócrates de querer pôr os partidos “entre a espada e a parede”.
O deputado do BE alertou ainda que o seu partido manterá “toda a independência política” nesta legislatura e que seguirá “proposta a proposta, o mérito, a intencionalidade de cada lei” do Governo.
“Estaremos dispostos a todas as responsabilidades, mas senhor primeiro-ministro, não somos nenhuma carruagem de um pendular que anda ocasionalmente entre a esquerda e a direita, não participaremos desse processo político, não somos parte desse ziguezague”, preveniu.
Em relação à corrupção, Luís Fazenda defendeu que o Governo tem de “armar a República e armar as instituições democráticas” com leis que “criminalizem o enriquecimento ilícito”.
“É isto que se espera de um Governo democrático que quer verdadeiramente combater a corrupção”, disse.