“Há vícios ‘aparelhísticos’ que estão instalados no PS há muitos anos, que se perpetuam, que se vão acolhendo junto daqueles que lhes dão mais garantias de poderem sobreviver e que são muito negativos para o PS”, afirmou hoje Francisco Assis, à margem de um encontro com militantes na concelhia do PS em Matosinhos, realçando que “este não é um problema apenas dos últimos seis anos”. Em declarações aos jornalistas, o candidato a secretário-geral do PS defendeu que “a única saída para renovar profundamente o PS é abri-lo à participação dos independentes”. Questionado sobre as declarações do ex-Presidente da República Mário Soares, em entrevista à Antena 1, de que “muita gente dentro do PS que pensava que o partido era uma coisa boa para se estar e para se poder ganhar dinheiro”, Francisco Assis disse “perceber”, considerando que “merecem uma profunda reflexão”. “É só olhar para a lista de apoiantes de um e do outro [Francisco Assis e António José Seguro] para perceber isso”, declarou, referindo que se candidata “contra essas pessoas, esse grupo de dirigentes intermédios que dominam o PS há muitos anos e que são responsáveis pelo pior do PS”. Na campanha para as eleições internas, acrescentou, tem constatado que “o PS tem que se abrir mais à sociedade, promover mais debate interno e precisa de uma renovação programática para saber responder às novas questões com que está confrontado”. Para Francisco Assis, “o PS precisa de uma profunda refundação”, considerando que a sua intenção de promover a mudança tem suscitado “muitos receios”. Na entrevista à Antena 1, Mário Soares, que voltou a manifestar-se neutral entre António José Seguro e Francisco Assis na corrida à liderança do partido, identificou problemas entre os socialistas, o primeiro dos quais o facto de ter havido “muita gente dentro do PS que pensava que o partido era uma coisa boa para se estar e para se poder ganhar dinheiro”. Com “esta coisa de um partido estar muito tempo no poder, aquilo foi-se deteriorando um pouco. Houve situações difíceis. Falo nestes seis anos e também nos de [António] Guterres”, observou. Outro problema do PS, segundo o ex-chefe de Estado, foi a influência da chamada “Terceira Via” britânica ao nível da prática política. “O PS deixou-se levar muito pelo ‘blairismo’ - isso foi a grande desgraça dos socialistas europeus”, advogou.
Política
Assis contra "dirigentes que são responsáveis pelo pior do PS”
O candidato à liderança do PS Francisco Assis garantiu hoje que vai “lutar contra um grupo de dirigentes intermédios que dominam o PS e que são responsáveis pelo pior do PS”, defendendo a abertura do partido aos independentes.
Autor: Lusa/AO online
