Açoriano Oriental
Crise
Analistas consideram que Estado devia ir mais longe no apoio às empresas
Para o empresário Paulo Teixeira Pinto, com a garantia estatal ao financiamento dos bancos "pode não faltar nada" para devolver confiança ao mercado interbancário, mas para outros analistas o governo deveria ir mais longe no apoio às empresas.

Autor: Lusa/AO online
Eduardo Catroga e Luís Mira Amaral, dois ex-ministros social-democratas ouvidos pela Lusa, defendem que a mais imediata medida de apoio às pequenas e médias empresas, aquelas que terão mais dificuldade em obter financiamento bancário, seria a liquidação das dívidas do Estado aos fornecedores.
"O pagamento aos fornecedores [do Estado] seria uma injecção de liquidez" nas empresas, afirmou à Lusa Mira Amaral.
Eduardo Catroga avalia em 2.500 milhões de euros essas dívidas a "injectar" e defende também que, em segundo lugar, seria importante na actual conjuntura "acabar com o abuso de poder na política fiscal" que configuram os pagamentos especiais por conta, além de alargar o prazo de entrega do IVA.
Sobre as medidas já anunciadas pelo governo, nomeadamente os incentivos fiscais em sede de IRC, Catroga afirma que a sua abrangência é reduzida porque o imposto "só é pago em 2009" e parte muito significativa das pequenas e médias empresas abrangidas nem sequer apresenta lucros, portanto não beneficiará do abatimento da taxa. 
"As empresas precisam agora de ver diminuídas a pressão sobre a sua tesouraria", afirma o ex-ministro das Finanças social-democrata.
Para Mira Amaral, o plano britânico para combate à crise, que prevê a entrada do Estado como accionista da banca, "deve ser uma referência" ao nível europeu e "pode fazer sentido em Portugal", ao contrário do norte-americano, o chamado Plano Paulson, cujo cerne é a compra de activos de risco elevado pelo Tesouro.
"Se bem que o governo de certa maneira já fez [nacionalizações de capital] ao pôr a Caixa Geral de Depósitos a entrar no capital do Millennium Bcp", ironiza Mira Amaral.
O Governo vai prestar garantias de 20 mil milhões de euros às operações de financiamento dos bancos que estão em Portugal para melhorar o acesso à liquidez, anunciou hoje o ministro das Finanças.
O executivo decidiu “lançar a iniciativa de prestar uma garantia às operações de financiamento que doravante sejam levadas a cabo pelas instituições de crédito em Portugal”, disse o ministro das Finanças, Fernando Teixeira dos Santos.
Para Paulo Teixeira Pinto, se esta medida tiver efeito positivo, "pode não faltar nada" para que o mercado de crédito interbancário volte a funcionar normalmente, fluindo o crédito à economia e o investimento. 
"Vamos ver qual é a reacção dos mercados", que estão "caprichosos", salienta Teixeira Pinto.
"Estou confiante que se acabará por ultrapassar esta crise, mas vai deixar marcas profundas", adianta.
Para o banqueiro Alípio Dias, até há pouco tempo administrador do Millennium Bcp, depois da passagem da "tempestade" sobre o sector financeiro, será preciso "reflectir sobre o sistema".
Em particular, questiona as disposições legais que permitem que mais-valias potenciais apareçam nas demonstrações de resultados como ganhos efectivos, e também o momento de introdução de "Basileia II", novas normas de alocação de capital ao risco operacional. 
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