Açoriano Oriental
Expedição Luso-Espanhola descobre novo jardim de corais moles nos Açores

No âmbito da expedição científica denominada “Explosea2”, foi descoberto um novo jardim de corais moles no mar dos Açores.


Autor: Susete Rodrigues/AO Online

Localizado entre 125 e 160 metros de profundidade, na zona dos Capelinhos na ilha do Faial, este novo jardim de corais moles é uma zona de elevada riqueza biológica, explica comunicado do Ministério do Mar.


É a primeira vez que uma expedição organizada por instituições espanholas e portuguesas localiza um jardim de corais moles em águas portuguesas e é o primeiro jardim de corais moles registado nos Açores.


A expedição decorreu a bordo do navio “B/O Sarmiento de Gamboa”, foi promovida pelo Instituto Geológico e Mineiro de Espanha (IGME) em colaboração com a Estrutura de Missão para a Extensão da Plataforma Continental (EMEPC), no âmbito do projeto 'EXPLOSEA'.


A mesma teve início no passado dia 11 de junho e decorre até ao próximo dia 27 de julho, tem como objetivo de estudar locais de interesse com emissões submarinas associadas a vulcanismo.


A equipa científica, que integra ainda as universidades de Complutense em Madrid e Gottingen na Alemanha, bem como o IMAR da Universidade dos Açores, descobriu, através de mergulhos com o ROV “Luso”, este novo jardim de corais moles dominado por uma espécie da Ordem Alcyonacea.


Segundo Luis Somoza, chefe de missão da Expedição “Explosea2”, “esta é uma descoberta extraordinária pois trata-se de um jardim de coral formado num de três cones vulcânicos submarinos na zona dos Capelinhos e que esteve em erupção há 52 anos atrás, sendo uma zona relativamente recente à escala geológica. Trata-se de uma zona rica em ferro, que cria as condições perfeitas para o desenvolvimento de todo um ecossistema, com elevada riqueza biológica, mostrando a importância de proteger estes locais. Esta descoberta permite ainda avaliar a sucessão ecológica de espécies que ocorre quando um evento geológico de grande impacto ocorre”.


Citado em comunicado, Luis Somoza, explicou ainda que “um evento vulcânico similar ocorreu em 2011 e 2012 na Ilha El Hierro nas Canárias e com esta descoberta sabemos agora que o mesmo tipo de jardim se poderá formar, sendo uma das primeiras comunidades de corais a crescer na zona, uma vez que os corais rígidos dependem da disponibilidade de carbonato de cálcio na água, que está menos disponível nestas zonas de erupção recente”.


No caso dos Capelinhos, na ilha do Faial, a área “agora descoberta já se encontra dentro de uma área marinha protegida, do Parque Marinho dos Açores, sendo importante proteger locais similares”.


Como saliente António Calado, coordenador da equipa de pilotos do ROV Luso a bordo, “com a experiência que temos de mais de 10 anos de operação no mar profundo, com o ROV Luso, conseguimos perceber quando chegamos a um local especial. E este foi sem dúvida um desse locais”.


Os corais moles são “animais coloniais que crescem usualmente em superfícies rochosas. Não têm um esqueleto rígido de carbonato de cálcio que lhes sirva de suporte, ao contrário dos corais duros”, refere o comunicado.


Marina Carreiro-Silva, investigadora do IMAR da Universidade dos Açores, especialista em ecossistemas de corais de profundidade, e investigadora convidada a bordo, diz que “este jardim de corais constitui um novo tipo de habitat nunca antes descrito, contribuindo para aumentar o conhecimento da biodiversidade e mapeamento dos ecossistemas marinhos vulneráveis dos Açores no âmbito de projetos internacionais e nacionais em curso no nosso grupo de investigação”.


A investigadora acrescenta que a “monitorização deste local constitui ainda uma oportunidade singular para o estudo dos processos de colonização biológica, crescimento e longevidade destes organismos, bem como para a avaliação do potencial de recuperação natural de comunidades de corais impactadas por atividades humanas, como paralelo a um evento geológico”.


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