Autor: Lusa/AO Online
A posição assumida por Carlos Cabecinhas é justificada “não apenas por ser uma missão cuja designação está ligada à devoção a Nossa Senhora de Fátima, mas, e sobretudo, por se tratar de um atentado contra a dignidade daquele grupo de religiosos ao serviço de um povo sofrido e, em última instância, contra a própria população”.
O comunicado do Santuário de Fátima afirma que “o padre Beniamino Gusmeroli, missionário italiano, e o irmão Martial Mengue, diácono centro-africano, ficaram à mercê por três horas dos rebeldes Seleka, que amordaçaram e ameaçaram de morte o guardião e entraram em casa armados de kalashnikov”, uma ação que “terminaria com o saque da missão”.
A informação foi enviada à agência FIDES – órgão das Pontifícias Obras Missionárias - pela Congregação do Sagrado Coração de Jesus de Bétharram, à qual pertenciam os dois sacerdotes.
Na nota, a congregação salienta que se consumou “o enésimo ato de prepotência e de saque por parte dos rebeldes Seleka, que atuam fora de qualquer controle, inclusive por parte das autoridades” e que este é “um sinal de degradação da situação, que não vê sinais de mudanças se não houver uma intervenção rápida e firme por parte da comunidade internacional”.
A Fundação Ajuda à Igreja que Sofre, organização dependente da Santa Sé, tem vindo a desenvolver a campanha “Um povo em lágrimas” para divulgar o que acontece na República Centro-Africana e para tentar minorar o sofrimento daquele povo.
Na referida campanha é sublinhado o sofrimento do povo cristão perseguido por extremistas islâmicos e que a Igreja Católica “é, hoje em dia, a única organização que continua a prestar auxílio à população”, sendo que “tudo o resto parou”, já que “os hospitais não funcionam, as populações estão sem tratamento médico, as prateleiras das lojas estão vazias, não há alimentos e as escolas estão fechadas”.
Segundo a agência FIDES, este ano mais de 200 mil cristãos abandonaram as suas casas e quase 50 mil refugiaram-se em países vizinhos.