Açoriano Oriental
PM da Hungria pede a chanceler alemã Angela Merkel para não enviar "tanques"
O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, comparou a política de Angela Merkel com a ocupação nazi de Budapeste em março de 1944, em resposta a uma crítica da chanceler alemã sobre o défice democrático e constitucional na Hungria.
PM da Hungria pede a chanceler alemã Angela Merkel para não enviar "tanques"

Autor: Lusa / AO online

 

A resposta do polémico primeiro-ministro húngaro surgiu durante o seu programa semanal "180 minutos", emitido às sextas-feiras na rádio pública Kossuth Rádió e onde Viktor Orban comenta questões políticas, económicas e sociais, noticia o portal da Internet do semanário alemão Der Spiegel.

O chefe de governo húngaro não deixou passar em claro uma crítica que Angela Merkel fez na quinta-feira durante um fórum europeu na Alemanha, referindo-se à situação dos direitos fundamentais e o estado da democracia na Hungria.

"Tudo faremos para trazer a Hungria para o caminho certo, mas não vamos enviar logo a cavalaria", disse Merkel, referindo-se à intervenção do candidato socialista a chanceler alemão Peer Steinbruck, que instantes antes defendera no mesmo fórum uma possível exclusão da Hungria da UE.

A utilização do termo "cavalaria" por Merkel também foi uma referência à expressão utilizada por Peer Steinbruck, o seu principal rival nas eleições legislativas de 22 de setembro, aquando da disputa fiscal com a Suíça, em 2009.

As declarações de Angela Merkel irritaram Viktor Orban, que retorquiu: "Os alemães já enviaram a cavalaria sob forma de tanques (…) O nosso pedido é que não o façam novamente. Já no passado não foi uma boa ideia, e também não funcionou", cita o Der Spiegel.

As declarações primeiro-ministro da Hungria foram fortemente criticadas pela oposição húngara, que acusou Orban de não ter percebido a mensagem da chefe do governo alemão.

O ex-chefe de diplomacia e antigo comissário europeu, o socialista László Kovács, falou numa "piada grosseira" e apontou que Angela Merkel frisara exatamente o contrário, isto é, a necessidade de a União Europeia não exagerar a sua resposta relativamente à Hungria.

Para o politólogo Attila Tibor Nagy, do Instituto Méltányosság, as declarações de Orban foram "muito ofensivas, pouco diplomáticas e desproporcionais".

Nagy considerou que estas declarações, "infelizmente, não vão servir para melhorar as relações germano-húngaras" e vão aumentar ainda mais as vozes críticas contra Viktor Orban no seio do partido de Angela Merkel, a União Democrata Cristã (CDU), e a sua versão bávara, a União Social Cristã (CSU).

A nova Constituição da Hungria, em vigor desde janeiro de 2012, tem vindo a ser criticada por vários responsáveis europeus e organizações como a Amnistia Internacional, nomeadamente por reduzir os poderes do Tribunal Constitucional, proibir campanhas eleitorais nos ‘media’ privados e penalizar os sem-abrigo.

Viktor Orban tem também sido criticado pela sua passividade perante o aumento de incidentes antissemitas no país e por não deixar "garantias suficientes" de que "há uma linha clara" que separa o seu governo conservador da extrema-direita, segundo uma nota emitida pelo Congresso Mundial Judaico, que este mês teve lugar em Budapeste.

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