“Enquanto os católicos chineses querem seleccionar aqueles [bispos] com bons conhecimentos religiosos e amor pelo país e pelo povo, o Vaticano quer aqueles que se opõem ao Partido Comunista Chinês”, afirmou Liu Bainian ao jornal oficial China Daily.
Em declarações ao China Daily, Liu referiu ainda que a Igreja Católica Patriótica pretende apressar o processo de selecção e nomeação de bispos para contrariar o envelhecimento e a falta de religiosos nas dioceses chinesas.
“Muitos dos actuais bispos são velhos, com 30 deles acima dos 80 anos. Temos uma grande necessidade de bispos”, assumiu Liu.
Sem relações diplomáticas desde 1951, dois anos após as forças comunistas chegarem ao poder, a China e o Vaticano tentam no presente superar a disputa, mas o maior entrave continua a ser a nomeação de bispos, que Roma defende ser uma competência exclusiva do Papa.
As declarações de Liu surgem semanas após a divulgação de uma carta aberta de 54 páginas do Papa Bento XVI aos católicos chineses, na qual o Papa exortou um acordo com o governo chinês para a nomeação dos bispos, sublinhando que a ideia de uma Igreja independente do Vaticano é “incompatível com a doutrina católica".
Bento XVI pediu ainda a Pequim "respeito por uma autêntica liberdade religiosa" e rejeitou a ideia de uma igreja submetida às autoridades chinesas.
Segundo dados oficiais, das 97 dioceses na China continental, apenas 57 têm bispo próprio.
Para a normalização dos laços diplomáticos, Pequim exige ainda que o Vaticano deixe de reconhecer Taiwan e mude a embaixada de Taipé para a capital chinesa.
A igreja Católica oficial chinesa, subordinada ao Estado tal como as outras quatro religiões permitidas na China, conta com cerca de quatro milhões de fiéis.
Cerca de dez milhões de chineses fazem parte da igreja “clandestina”, leal à Santa Sé, sendo alvo de perseguições e obrigados a celebrar missas em casas particulares.
Política internacional
Pequim acusa Vaticano de querer nomear bispos anti-comunistas
O vice-presidente da Igreja Católica Patriótica chinesa, subordinada ao governo comunista, disse que o Vaticano pretende ordenar na China bispos que se opõem ao regime, pretendendo Pequim acelerar a escolha de bispos nacionalistas, noticia hoje a imprensa estatal.
Autor: Lusa / AO
