Açoriano Oriental
Organização ambiental critica prémio espanhol à Barragem
Uma organização ambiental espanhola criticou a atribuição de um prémio à Barragem do Alqueva por considerar que apoia uma obra que foi "um dos maiores ataques á conservação da natureza na Europa".

Autor: Lusa/ AO
As críticas são da Associação para a Defesa da Natureza da Estremadura (ADENEX), que escreveu à Casa Real espanhola para lamentar a participação dos Príncipes das Astúrias na cerimónia de segunda-feira, em que estará também presente o Presidente da República, Cavaco Silva.

    O Prémio Internacional Puente de Alcântara foi atribuído pela Fundación San Benito de Alcántara (Cáceres, Espanha) e destina-se a premiar as melhores obras públicas espanholas, portuguesas e ibero-americanas.

    Antonio Saenz de Miera, director da Fundação San Benito de Alcântara sublinhou que a Barragem de Alqueva representa um projecto "integrador" que "permitirá unir alentejanos e estremenhos, portugueses e espanhóis, bem como os sistemas eléctricos dos dois países."

    No entanto, para a ADENEX, a construção da barragem representou o arranque de mais de um milhão de árvores, a destruição de um dos únicos caudais do Rio Guadiana bem conservados e de centenas de quilómetros de ecossistemas fluviais.

    Segundo um comunicado, os estudos arqueológicos realizados indicam que se perderam para sempre, sob as águas, inumeráveis restos de povoados neolíticos conhecidos e por estudar.

    A ADENEX insiste mesmo que a barragem é um projecto de há mais de 40 anos que actualmente não tem sentido e que foi construído sem cumprir a legislação da UE em matéria de conservação da natureza, como as directivas de Habitats e Aves e convénios internacionais como o de Berna e Bona.

    Tratou-se além disso, insiste a organização, de um projecto sem justificação séria, porque para a sua construção se levantaram unicamente questões como a realização de uma grande obra que criava postos de trabalho, a reserva estratégica de água e a previsão de alguns regadios que hoje se demonstrou serem impossíveis de concretizar.

    O prémio que será entregue segunda-feira recai sobre o Governo português, promotor da obra; sobre as empresas projectistas, Hidrorumo Proyecto e Gestao S.A. e o Grupo EDP; e nas construtoras ACE (Agrupamento Complementar de Empresas), Somague, Benito Pedroso, NEXO e Dragados.

    Segundo a Empresa de Desenvolvimento e Infra-estruturas de Alqueva (EDIA), concorreram á nona edição do prémio um total de 34 obras, 20 das quais espanholas, duas portuguesas e 12 da América Latina.

    Entre elas, o júri do concurso, presidido pelo Infante Don Carlos de Borbón, decidiu atribuir o prémio ao aproveitamento hidro-eléctrico de Alqueva por considerar que se trata de uma obra que está "integrada harmonicamente na paisagem".

    Por outro lado, destaca o júri, ao criar o maior lago artificial da Europa, Alqueva irá contribuir de forma decisiva para a melhoria socio-económica da região e para o desenvolvimento energético de Portugal.

    O júri assinala ainda a contribuição do projecto para a recuperação do acervo arqueológico da região.

    De acordo com a EDIA, este galardão "constitui o reconhecimento internacional do Empreendimento de Fins Múltiplos de Alqueva nas suas vertentes de concepção arquitectónica e técnica, funcionais, sócio-económicas e culturais".

    Além da entrega do prémio, a cerimónia de segunda-feira inclui também a inauguração de um Memorial representativo de Alqueva, nas vertentes de projecto, obra, território e objectivos, e uma homenagem a todos os que tornaram possível a obra.
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