Açoriano Oriental
Mostra Imprópria faz intervenção social através da cultura

A 4.ª edição da Imprópria – Mostra de Cinema de Igualdade de Género, vai decorrer nas ilhas de São Miguel, Santa Maria e Terceira, com início a 21 de outubro. Para além dos filmes, o programa da Imprópria tem uma forte componente social

Mostra Imprópria faz intervenção social através da cultura

Autor: Rui Jorge Cabral

Um vasto programa que inclui intervenção social, conversas, workshops, homenagens e filmes em torno da igualdade de género é o que propõe a 4.ª edição da Imprópria – Mostra de Cinema de Igualdade de Género, que decorrerá na ilha de São Miguel entre 21 e 27 de outubro, estendendo-se depois a Santa Maria, a 17 de novembro e também à Terceira, nos dias 9 a 10 de dezembro.

Conforme afirmou durante a apresentação do evento, que ontem decorreu no Teatro Micaelense, em Ponta Delgada, uma das fundadoras da Imprópria, Natália Bautista, “esta é uma mostra de cinema sobre a Igualdade de Género, que através da cultura pretende fazer intervenção social”.

Inserida nas comemorações do Dia Municipal para a Igualdade de Género, a Imprópria apresenta este ano 18 curtas-metragens de ficção, documentário, animação e cinema experimental, que abordam temas como os direitos humanos, a orientação de desejo, a violência de género e a identidade sexual e de género, com a curadoria de Samuel Andrade, um cinéfilo açoriano que trabalha na Cinemateca Portuguesa. Samuel Andrade reuniu um conjunto “ambicioso, arrojado e diversificado” de filmes, todos eles produzidos nos últimos 10 anos e alguns deles em estreia nacional.

A Imprópria, que é uma organização da Associação Silêncio Sonoro, fará também duas homenagens pelo trabalho desenvolvido pela igualdade de género, em sessões que decorrerão no Teatro Micaelense, a partir das 21 horas: no dia 21 de outubro, será homenageada a escritora, dramaturga e ativista Judite Canha Fernandes e, no dia 22 de outubro a psiquiatra e sexóloga, Fernanda Mendes.

Também a 22 de outubro, na Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Ponta Delgada, decorrerá o workshop de Masculinidades de Roy Galán. “Homens mãos de tesoura: a masculinidade que magoa”, assim se intitula este workshop que vai buscar a sua inspiração ao filme “Eduardo Mãos de Tesoura”, de Tim Burton, a partir do qual se propõe repensar as masculinidades. E da mesma forma que a mão é, para a visão tradicional da masculinidade, um símbolo de força e superioridade, neste workshop, Roy Galán apresenta novas funções para as mãos, como ferramenta de união, de aproximação, de ternura e de agir sem medo. Uma novidade da Imprópria deste ano é a parceria com a RTP-Açores , que fará a 19 de outubro um Especial Informação dedicado à Igualdade de Género exibindo ainda, a 24 de outubro, o documentário produzido pela Imprópria e realizado por Diogo Lima, “Tudo o que queiramos” .

Presente na apresentação da Imprópria, a vereadora da área social da Câmara de Ponta Delgada, Cristina do Canto Tavares, lembrou que “aquilo que nos move, independentemente de sermos decisores políticos, ativistas ou técnicos, são as pessoas”, afirmando, por isso, o apoio da autarquia a esta iniciativa, porque “é esta a atitude que nós queremos que faça a diferença em Ponta Delgada”.

Por seu lado, o produtor do Teatro Micaelense, Filipe Branco, afirmou que esta casa de espetáculos é uma entidade “dinamizadora sociocultural, numa sociedade onde cada vez mais faz sentido falar e debater a igualdade de género”, enquanto que o diretor regional da Juventude do Governo dos Açores, Eládio Braga, salientou o caminho que é preciso fazer até que se atinja a “verdadeira igualdade”, num tempo em que “não tenhamos de pensar em promover a paridade e a igualdade, porque será nessa altura que iremos perceber que atingimos o nosso objetivo e estaremos livres dos estigmas, dos estereótipos e dos preconceitos”.

Por fim, a diretora regional para a Promoção da Igualdade e Inclusão Social do Governo dos Açores, Sandra Garcia, afirmou a propósito da Imprópria que “a cultura é essencial para abrir mentes, para derrubar barreiras e para trazer novos horizontes”, considerando também que se é verdade que hoje os jovens têm uma perspetiva mais aberta em relação à liberdade de cada um ser como quiser também, por outro lado, através de plataformas como as redes sociais, se continuam a ampliar preconceitos e imagens estereotipadas que levam ao aumento da violência.

Por isso, concluiu Sandra Garcia, “só através da mudança de mentalidades, se irão gerar novas atitudes”, num trabalho que é de todos, do Governo e da sociedade civil, onde “iniciativas como esta fazem a diferença”.



Programa de Intervenção Social e Comunitária é aposta da Imprópria
O Programa de Intervenção Social e Comunitária da Imprópria vai decorrer de 24 a 27 de outubro, com o apoio da Direção Regional para a Promoção da Igualdade e Inclusão Social e alinhado com a Estratégia Regional de Combate à Pobreza e Exclusão Social.

Este programa prevê a apresentação de curtas-metragens relacionadas com a igualdade de género, seguidas de um debate que aposta este ano no público jovem, decorrendo em várias escolas - profissionais e regulares - de cinco territórios considerados prioritários ao nível das necessidades de intervenção social e que são os Arrifes, Rabo de Peixe, Água de Pau e Fenais da Ajuda, em São Miguel e Terra Chã, na Terceira (onde a sessão decorrerá a 9 de dezembro).

Conforme explica em declarações ao Açoriano Oriental uma das fundadoras da Imprópria, Joana Amen, este programa de cariz social da Imprópria é muito importante “porque ali teremos a oportunidade de conversar com os jovens, desconstruir os estereótipos e debater as ideias e os sentimos que estes filmes lhes trazem, porque achamos que é necessária esta reflexão, junto de pessoas que muito espontaneamente falam da sua vida, sobre o que cada um pode fazer para estimular a mudança social”, num tempo em que, apesar de ainda existir discriminação, “já não é socialmente desejável discriminar”.

PUB
Regional Ver Mais
Cultura & Social Ver Mais
Açormédia, S.A. | Todos os direitos reservados