Açoriano Oriental
Medicação errada mata sete mil em Portugal
 A administração errada de medicamentos aos doentes hospitalizados é responsável pela morte anual de 7.000 portugueses, mas apesar de serem evitáveis, “estes erros existirão sempre e sem culpados” pois “é o sistema que falha”, disse à Lusa uma especialista.
Medicação errada mata sete mil em Portugal

Autor: Lusa/AOonline

  Aida Batista é a presidente da Associação Portuguesa dos Farmacêuticos Hospitalares (APAH) e reconheceu que o erro de medicação nos hospitais “existe e vai sempre existir”.

    “Não se trata de um erro humano, mas sim do sistema”, esclareceu, lamentando que muitos destes erros sejam escondidos, por receio dos profissionais serem acusados.

    É ao próprio sistema que o erro é atribuído, pois “apesar de os profissionais trabalharem com o maior cuidado, pode existir uma falha”, disse.

    De acordo com Aida Batista, o erro pode acontecer pelas mais variadas situações, desde que o médico prescreve o medicamento (por letra ilegível ou por confusão na dose), à farmácia que o distribui (confundindo as embalagens, por exemplo), ou o enfermeiro que o dá ao doente (que pode ser o doente errado).

    “Os erros podem acontecer em qualquer destas fases do processo”, disse a presidente da APFH, que há anos se preocupa com esta questão.

    Este erro é responsável por 7.000 mortos em Portugal, segundo dados corroborados pela autoridade que regula o sector do medicamento (Infarmed).

    Os casos não são exclusivos em Portugal. Nos Estados Unidos, por exemplo, entre 44 mil a 98 mil doentes hospitalizados morrem anualmente devido ao erro de medicação.

    Aida Batista considera que só quando os hospitais estiverem ligados a um sistema centralizado e igual para todas as instituições é que o erro poderá diminuir.

    A presidente da APFH lamenta que não haja em Portugal uma cultura de segurança, razão que, na sua opinião, leva a que os programas de segurança se limitem muito à farmácia do hospital.

    “Todos os profissionais de saúde estão envolvidos no fornecimento de medicamentos: o médico, porque prescreve, a farmácia, porque dispensa e o enfermeiro, porque administra o fármaco”, pormenorizou.

    “Todos são humanos e, por isso, todos podem errar, mas neste caso é o sistema que falha”, explicou.

    Por esta razão, “não há culpados” no erro de medicação.

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