Açoriano Oriental
Cimeira UE/África
Londres aceita representação do Zimbabué
O Reino Unido está aberto a soluções que permitam ao Zimbabué fazer-se representar na II Cimeira UE-África, a realizar em Lisboa no início de Dezembro, confirmou hoje em Maputo o embaixador britânico, Andrew Soper, em entrevista ao diário moçambicano Noticias.

Autor: Lusa / AO online
    "A nossa posição é que é importante que o Zimbabué seja representado na cimeira e estamos abertos a soluções que permitam a uma outra pessoa (que não o Presidente, Robert Mugabe) assistir à reunião como representante do Zimbabué", enfatizou Soper.

    A posição enunciada por Andrew Soper vem na linha do que tem sido defendido pelo executivo britânico, favorável à participação do Zimbabué, mas a outro nível que não o presidencial.

    O diplomata admitiu a hipótese de até Dezembro ser encontrada uma saída para a questão, tendo encorajado os esforços da Europa e de África nesse sentido, pois, o falhanço, insistiu, seria "uma infelicidade".

    "Não queremos que qualquer assunto trave o evento, que consideramos importante na medida em que a UE tem muitas parcerias com África", realçou Andrew Soper.

    O embaixador britânico defende que a presença do Presidente zimbabueano, Robert Mugabe, na Cimeira de Lisboa desviaria as atenções dos objectivos da reunião.

    Os preparativos da Cimeira UE-África, marcada para os dias 08 e 09 de Dezembro, continuam a ser marcados pela reiterada recusa do primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, em participar na reunião, caso Robert Mugabe esteja presente.

    Os governos dos países da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) já fizeram saber que também não irão a Lisboa, se Mugabe não for convidado para a reunião.

    Na entrevista ao Notícias, o embaixador britânico insistiu que "a participação de Mugabe na cimeira iria significar o levantamento da proibição de entrada na União Europeia que a UE colectivamente impôs (contra o estadista zimbabueano e outros altos quadros do Governo de Harare)".

    Soper negou que a posição do seu governo seja traduzida na exigência de mudança de regime no Zimbabué, admitindo apenas o objectivo de "reformas democráticas e políticas económicas que possam ajudar a recuperação da economia e o bem social do povo".

    "Também desejamos que haja o fim da violência e abuso dos direitos humanos", sublinhou.

    O risco de violar a interdição de entrada no espaço europeu decretada pela UE contra Mugabe, devido aos atropelos aos direitos humanos, é aludido pelo embaixador, alguns dias depois do Presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, ter apelado para a participação de todos os países africanos no evento.

    "Não seria justo nem correcto, se devido a um regime político ou a um ditador em particular, não se pudesse realizar uma reunião deste nível", afirmou Barroso na segunda-feira.

    A controversa reforma agrária no Zimbabué, a que se seguiu a actual crise política e económica, atingiu descendentes de antigos colonos britânicos, que detinham a propriedade de mais de 50 por cento da terra naquele país da África Austral.
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