Açoriano Oriental
Atletismo/Mundiais
Inês Henriques assume nova fase, ainda como última campeã lusa

Inês Henriques assume ter chegado a uma fase diferente na carreira de marchadora, nas vésperas de enfrentar em dose dupla os Mundiais de atletismo, em Eugene, nos Estados Unidos, onde chega como a última portuguesa campeã.

Inês Henriques assume nova fase, ainda como última campeã lusa

Autor: João Pedro Simões/Lusa/AO Online

A marchadora de Rio Maior foi a última portuguesa a sagrar-se campeã em Mundiais de atletismo, em Londres, em 2017, na estreia feminina dos 50 quilómetros, uma distância entretanto descontinuada pela World Athletics, praticamente excluindo Inês Henriques dos Jogos Olímpicos Tóquio2020.

"Este meu regresso, em duas provas do campeonato, é importante, após o ano de 2021 e os últimos anos tão difíceis, por problemas de saúde e lesões. Mas tenho a noção de que estou noutra fase da minha carreira", reconheceu Inês Henriques, em entrevista à agência Lusa.

Aos 42 anos, a marchadora vai disputar os seus 10.ºs campeonatos do mundo, em Eugene, no estado norte-americano do Oregon, onde se propõe disputar a prova dos 20 quilómetros, na sexta-feira, a partir das 13:10 locais (21:10 em Lisboa), juntamente com Carolina Costa e Ana Cabecinha, e os 35, uma semana depois, às 06:15 (14:15), ao lado de Sandra Silva e Vitória Oliveira.

“Sei que estou qualificada como 48.ª nos 20 quilómetros e 31.ª nos 35, e esta é uma prova diferente, que não beneficia quem fazia 50. Tenho essa noção, por isso vou entrar na competição de forma humilde, e tudo o que vier será muito importante. Quanto mais, melhor”, admitiu.

A presença nas duas competições é “uma opção estratégica” da atleta do CN Rio Maior e do seu treinador Jorge Miguel, como que numa preparação para a prova mais longa.

“Noutras alturas já fiz duas provas em semanas seguidas e, normalmente, na segunda estava mais descontraída e as coisas correram melhor. Vou começar os 20 com alguma cautela e, depois, nos 35 como maior objetivo, ainda começando com humildade, consciente da minha posição no ‘ranking’”, frisou.

Taticamente, as provas vão ser feitas de “trás para a frente”, sempre focada nas suas sensações.

“Já não tenho ambições a medalhas nos 20 quilómetros, e os 35 são uma prova diferente dos 50. Então quero ficar um pouco mais à frente no ‘ranking’, mas não posso pensar nisso à partida, nem que estou muito atrás aos 10. Dependendo das condições, vou procurar, nas duas provas, que o foco seja em mim e tudo o que vier é ganho”, sublinhou.

Os Jogos Olímpicos Tóquio2020 marcaram a despedida dos 50 quilómetros marcha dos calendários internacionais, já só com a prova masculina, deixando a tristeza, mas fechando o ciclo de Inês Henriques, que foi recordista mundial e campeã do mundo na distância.

“Fiquei triste porque sentia que podia fazer algo diferente. Mas fechou-se o ciclo, e não vale a pena pensar mais no assunto, ainda pensei terminar a carreira, mas não queria que me empurrassem para isso e tive de adaptar-me aos 35, porque quero ser eu a decidir o momento certo”, vincou.

Ainda a “trabalhar para melhorar”, física e psicologicamente, Inês Henriques conta disputar, ainda este verão, os Europeus, em Munique, na Alemanha, pouco menos de um mês depois dos Mundiais.

Antes de enfrentar as provas de 50 quilómetros dos Mundiais – em Londres2017 sagrou-se campeã e em Doha2019 desistiu –, Inês Henriques tinha como melhores resultados os sétimo e oitavo lugares em Osaka2007 e Daegu2011, respetivamente.


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