Autor: Lusa/AO online
A Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública (CGTP), a Federação Sindical da Administração Pública (UGT) e o Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado (UGT) são unânimes relativamente às perspetivas de adesão ao protesto: a paralisação deverá contar com uma forte adesão tendo em conta a indignação demonstrada pelos trabalhadores.
"A greve de sexta-feira talvez vá ser uma das maiores de sempre na administração pública, porque os trabalhadores não aguentam mais cortes e sacrifícios", disse à agência Lusa a coordenadora da Frente Comum, Ana Avoila.
A vice-presidente do Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado (STE), Helena Rodrigues, disse à Lusa que "os trabalhadores estão muito descontentes com os cortes brutais previsto no Orçamento do Estado para 2014".
"Por isso, a perspetiva é de elevada adesão à greve, embora muito trabalhadores estejam a passar por grandes dificuldades económicas, o que os pode inibir de participar no protesto", disse a sindicalista.
José Abraão, dirigente da Federação Sindical da Administração Pública (FESAP), reconheceu que os funcionários públicos "estão a ser extremamente castigados com cortes" e que isso pode pesar na decisão de fazer greve, mas também prevê uma elevada adesão à paralisação.
"Esta política de cortes provavelmente não fica por aqui e, por isso, os trabalhadores têm que perceber que têm de protestar e lutar, apesar das dificuldades económicas que vivem", defendeu.
Tendo em conta os contactos com os trabalhadores nos locais de trabalho e os resultados de greves anteriores, os três sindicalistas acreditam que a paralisação terá resultados mais significativos nos hospitais e centros de saúde, escolas, tribunais, repartições de finanças e administração local.
A recolha de lixo e os transportes municipalizados, que existem em cidades como Braga, Coimbra e Barreiro, deverão ser, de acordo com os sindicalistas, os serviços mais afetados nas autarquias.
A greve de sexta-feira dos funcionários públicos foi marcada pelas estruturas sindicais do setor como forma de protesto contra novos cortes salariais e de pensões e o aumento do horário de trabalho, entre outras medidas.
A proposta de lei do Orçamento do Estado (OE2014) entregue dia 15 de outubro no Parlamento pela ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, prevê que seja “aplicada uma redução remuneratória progressiva entre 2,5% e 12%, com caráter transitório, às remunerações mensais superiores a 600 euros de todos os trabalhadores das Administrações Públicas.
O subsídio de Natal dos funcionários públicos e dos aposentados, reformados e pensionistas vai ser pago em duodécimos no próximo ano, segundo a proposta de OE2014, que mantém a aplicação da Contribuição Extraordinária de Solidariedade (CES) sobre as pensões.
No documento, o Governo refere que o défice orçamental deste ano vai resvalar para os 5,9% do PIB, superando os 5,5% definidos para 2013 entre o Governo e a 'troika' (Fundo Monetário Internacional, Comissão Europeia e Banco Central Europeu) e confirma as previsões macroeconómicas, apontando para um crescimento económico de 0,8% e uma taxa de desemprego de 17,7% em 2014.