Açoriano Oriental
Croatas escolhem domingo quem os conduzirá à UE
Os croatas são chamados domingo a renovar o seu parlamento e decidir se confiarão aos conservadores no poder ou à oposição de esquerda o objectivo de conduzir o país ao seio da UE até ao fim do decénio.
Croatas escolhem domingo quem os conduzirá à UE

Autor: Lusa / AO online
Os resultados destas quintas eleições legislativas desde a independência do país, em 1991, são difíceis de prever, com as sondagens a darem uma pequena vantagem à Comunidade Democrática Croata (HDZ, no poder) em relação ao Partido Social-Democrata (SDP).

De acordo com uma sondagem publicada quinta-feira pelo semanário Globus, o HDZ obteria 34,4 por cento dos votos, contra 30,1 por cento para o SDP, o que significaria 58 mandatos para o partido no poder e 53 para os sociais-democratas.

Qualquer das duas formações teria que constituir uma coligação com outros partidos para conseguir formar um governo maioritário.

Mais de 4,4 milhões de eleitores croatas são chamados a eleger domingo o seu parlamento monocamaral, que conta 140 lugares, 14 para cada um dos dez círculos eleitorais do país, a que se juntam oito lugares atribuídos às minorias e até 12 à diáspora.

Seis outros partidos e coligações deverão entrar para o parlamento, ultrapassando o limiar exigido de 5 por cento dos votos, segundo o inquérito.

Os eleitores da diáspora, entre os quais os croatas da Bósnia, tradicionalmente próximos do HDZ, podem também fazer eleger até 12 eleitos no parlamento, em função da sua taxa de participação no escrutínio.

“É difícil prever quem vai ganhar. Mas, uma vez que há um consenso sobre os principais objectivos políticos, seja qual for o grupo que constituir o governo, as políticas externa e interna serão muito semelhantes, se não idênticas”, afirma o analista Davor Gjenero.

Tanto a HDZ, como o SDP defendem a integração na NATO e a adesão rápida à União Europeia.

A antiga república jugoslava aspira a ser convidada a integrar a NATO na próxima Primavera e pretende aderir à UE até 2010, após o arranque das negociações de adesão, em finais de 2005.

A agenda dos dois principais rivais difere ligeiramente no plano económico, com a HDZ privilegiando o liberalismo e os sociais-democratas pretendendo um maior envolvimento do Estado na gestão da economia.

Regressada ao poder nas anteriores legislativas, em Novembro de 2003, após quatro anos na oposição, a HDZ, dirigida pelo primeiro-ministro cessante Ivo Sanader, afastou dirigentes ultra-nacionalistas das suas fileiras e transmite a imagem de uma formação europeia de direita.

“Sanader conseguiu um avanço crucial para com a minoria sérvia”, que apoiou o seu governo no parlamento, refere o analista político Dragan Bagic.

“O posicionamento da Croácia na rota para a UE é mérito da HDZ de Sanader”, considerou.

O SDP, por seu turno, é dirigido há alguns meses pelo jovem Zoran Milanovic, 41 anos, que aposta num regresso ao poder após quatro anos de oposição.

Os seus apoiantes descrevem Milanovic, um antigo pugilista, como o “Tony Blair do SDP”, enquanto a comunicação social o qualifica como um político instruído, ambicioso e bom orador.

Para os seus detractores, contudo, é retratado como um pessoa arrogante, sem a experiência necessária para dirigir o seu partido.

O regresso dos refugiados sérvios da Croácia, que fugiram do país durante a guerra sérvio-croata de 1991-1995, a reforma da justiça e a luta contra a corrupção são os principais critérios a cumprir pelo país antes de aderir à UE.

Dos cerca de 280.000 sérvios que fugiram da Croácia, cerca de 40 por cento regressaram já aos seus lares, segundo a ONU. Representam hoje 4,5 por cento dos cerca de 4,4 milhões de habitantes do país.

O governo cessante cumpriu também as suas obrigações para com o Tribunal Penal Internacional (TPI) para a ex-Jugoslávia, convencendo vários antigos generais acusados de crimes de guerra a entregarem-se em Haia e cooperando para conseguir a prisão, em finais de 2005, em Espanha, do último fugitivo reclamado por esta instância.

Com um crescimento económico de 4,8 por cento em 2006, um salário médio mensal de cerca de 600 euros e uma vida política estável, a Croácia é frequentemente apresentada por Bruxelas como um exemplo a seguir pelas outras ex-repúblicas jugoslavas.
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