Autor: Lusa/AO Online
“Este exercício anual [Fénix 22] conta com a projeção de capacidades que o Exército tem disponíveis em todo o território e o mesmo decorre no âmbito de um cenário de resposta à ativação do Plano Distrital de Emergência de Santarém e que levou a que esses recursos fossem ativados e projetados para o teatro de operações, neste caso na região de Constância e de Vila Nova da Barquinha”, disse à Lusa o comandante da Unidade Militar de Apoio de Emergência (UAME), Coronel Estêvão da Silva.
O objetivo destes exercícios, notou, é “treinar valências em conjunto, garantir o aprontamento e a operacionalidade” da UAME no sentido do Exército poder responder aos desafios e apoio às solicitações da Autoridade nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), salientou o comandante do UAME e coordenador dos militares e dos diversos módulos que foram ativados para um exercício que decorre até sexta-feira, dia 25 de novembro.
“Contamos com 20 módulos de intervenção, distribuídos pelas diferentes capacidades”, destacou o comandante do Regimento de Apoio Militar de Emergência (RAME) e da Unidade de Apoio Militar de Emergência do Exército, que está sediada em Abrantes, no âmbito de um exercício onde estão a ser colocadas à prova as capacidades de unidades militares estacionadas desde a Póvoa de Varzim até Lisboa, nas áreas de comando, controlo e comunicações, apoio sanitário, serviços, engenharia militar, apoio psicológico, operações de rescaldo, vigilância, busca e salvamento, estas últimas a cargo das Operações Especiais de Lamego.
A partir do posto de comando instalado numa antiga escola primária em Praia do Ribatejo, no concelho de Vila Nova da Barquinha, Estêvão da Silva e a sua equipa acompanham as diversas ações no terreno “em tempo real”, com os vários módulos de intervenção a atuarem no âmbito de um cenário fictício de catástrofe, na sequência de intempéries que assolaram o país e que se converteram em situações de inundações, cheia, derrocadas, cortes de vias por queda de árvores, entre outras situações.
Neste contexto, o treino operacional incidiu hoje na evacuação de uma aldeia, busca e salvamento de vítimas, trabalhos de engenharia e reconhecimentos, verificações de condições de redes viárias, pontes e diversas infraestruturas, estando ainda previstas ações no âmbito de um salvamento em grande ângulo, apoio a uma aldeia isolada, atividades de busca e o regresso da população à aldeia.
“A época de incêndios é a que mostra mais a nossa atividade e, neste caso, a vantagem deste exercício, para além de ser uma oportunidade de treino para ativação e projeção destes meios para a área de operações, é, acima de tudo, uma oportunidade única para interagirmos com as outras entidades que estão envolvidas nestas situações, nomeadamente a ANEPC”, salientou Estêvão da Silva.
Desde a sua entrada em funcionamento, a 01 de novembro de 2016, o RAME, além das ações de prevenção, patrulhamento e vigilância, teve intervenção em grandes incêndios, como os de Vila de Rei, Mação ou Pedrógão, enviou uma equipa para apoio às populações atingidas pelo furacão Idai, em Moçambique, além de ações de apoio no âmbito da tempestade Lesli que assolou a zona Oeste, de modo a assegurar proteção e energia, procedeu a trabalhos de desinfestação de espaços devido à covid-19, assegurou o apoio no transporte de água e de alimentação para animais, no âmbito do combate à seca, entre outras.
Este ano, o comandante do RAME realçou as “mais de 2.600 patrulhas no âmbito da prevenção e rescaldo de incêndios florestais”, os “mais de 404 mil quilómetros percorridos e que envolveram 5.804 pessoas”, e as “mais de 14 mil horas de vigilância e patrulhamento”.
Presente no exercício, o Comandante Operacional Distrital de Operações de Socorro do Distrito de Santarém (CODIS), David Lobato, destacou o “apoio fundamental” da UAME “naquilo que são as operações da proteção civil”, tendo feito notar que “os meios [dos bombeiros] nunca vão chegar para todas as ocorrências”, nomeadamente em cenários mais complexos de situações de socorro e de emergência.
“Este exercício decorre no âmbito de um cenário da passagem de um tornado que provocou cheias, inundações, queda de árvores e estruturas no distrito, em particular nestes dois concelhos, e a falta de meios dos bombeiros levou-nos a solicitar a nível nacional o apoio da UAME com as várias valências que têm e de sustentação logística, com montagem de zonas de apoio à população, alimentação, combustíveis, entre outras, e é isso que estamos a treinar, num exercício conjunto com os diversos agentes e em prol das populações”, concluiu.