Açoriano Oriental
CDS-PP diz a autonomia dos Açores não resolve os problemas da região

O líder do CDS/Açores, Artur Lima, lamentou esta quarta-feira que a autonomia da região não tenha sido utilizada para melhorar as condições de vida dos açorianos, que continuam na cauda do país em vários setores.

CDS-PP diz a autonomia dos Açores não resolve os problemas da região

Autor: Lusa/AO Online

"Passadas mais de quatro décadas de autonomia, sobretudo nas áreas regionalizadas, como a Saúde e a Educação, não só não melhorámos mais do que as outras regiões do país, como continuamos na cauda das regiões portuguesas", destacou o parlamentar centrista, durante uma interpelação ao Governo, na sede da Assembleia Legislativa Regional, na Horta.

Artur Lima deu como exemplo do mau desempenho da autonomia açoriana, as longas listas de espera em cirurgia, os muitos açorianos que ainda não têm médico de família ou ainda os 19 mil açorianos que são beneficiários do Rendimento Social de Inserção (RSI).

"A pergunta que se impõe é: para que serviu e para que serve esta autonomia para os açorianos?”, questionou o líder parlamentar centrista, que acusou o executivo socialista açoriano de ter criado "mais pobreza na região" na última década.

O líder do CDS/Açores lamentou, por outro lado, que o Governo Regional tenha imposto "políticas de subsidiação" que, no seu entender, têm levado a região a "marcar passo" ou a "regredir", por exemplo, ao nível dos "crónicos indicadores", responsáveis pelo "atraso estrutural" que a região atravessa.

Na resposta, o presidente do Governo dos Açores, Vasco Cordeiro, alertou para o risco que as dúvidas sobre a importância da autonomia regional poderão ter, por exemplo, junto das mentes mais centralistas de Lisboa.

"Qualquer dia, essa moda de dizer que a autonomia falhou pega a nível nacional e, então aí, é que teremos, verdadeiramente, um problema", advertiu o chefe do executivo, que disse "repudiar" também a afirmação de que o modelo de desenvolvimento económico dos Açores falhou.

Os restantes partidos da oposição também partilham das críticas do CDS sobre o sucesso, ou falta dele, das políticas sociais e económicas nos Açores.

Mónica Seidi, deputada social-democrata, lembrou que as políticas socialistas não conseguiram resolver os problemas sociais nos Açores, em especial os números da pobreza, que continuam a registar valores preocupantes.

"O que até agora o Governo do Partido Socialista conseguiu, fruto do modelo de desenvolvimento económico adotado, foi destruir o sonho da autonomia, agravar a coesão territorial e social e, consequentemente, gerar pobreza", frisou a deputada social-democrata.

Renata Correia Botelho, da bancada socialista, lembrou que os dados estatísticos não são iguais em todas as ilhas, admitindo que a pobreza, por exemplo, concentra-se, sobretudo, nas duas ilhas mais populosas da região (São Miguel e Terceira).

"Em todas as outras ilhas estamos abaixo da média nacional, portanto, nós não somos mais pobres do que o resto do país", insistiu a deputada socialista.

Por seu lado, Paulo Mendes, do Bloco de Esquerda, lembrou que o aumento do número de beneficiários do Rendimento Social de Inserção nos Açores "esconde uma realidade" que nada tem a ver com "malandragem".

"São pessoas que trabalham, mas que têm um rendimento tão baixo do seu trabalho, que tem de ser complementado por esta prestação social", lembrou o deputado bloquista.

Já João Paulo Corvelo, do PCP, preferiu denunciar o clima de intimidação que diz estar a ser implantado na sociedade açoriana, fruto da atitude de um governo que tudo pretende controlar.

"Estas práticas vão desde o condicionamento do acesso à função na Administração Regional e nas autarquias até ao condicionamento dos autarcas e dos próprios empresários", criticou o parlamentar comunista, lamentando que muitos açorianos estejam a ser "prejudicados" e vítimas de "tratamento discriminatório".

Paulo Estevão, do PPM, também não poupou críticas à ação do governo socialista, que considera estar há "demasiado tempo no poder".

"Nos Açores, está instalado um regime que não funciona, um governo que não funciona, onde não existe alternância democrática e onde a governação acumula fracassos sucessivos", apontou o parlamentar monárquico.


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