Açoriano Oriental
Autarca do Corvo acusa deputado do PPM de envergonhar os locais

O presidente da Câmara Municipal do Corvo, José Manuel Silva, acusou esta quinta-feira o único deputado do PPM à Assembleia Legislativa dos Açores de ter “envergonhado” os corvinos e de ter “faltado ao respeito” ao Presidente da República.


Autor: Lusa/AO online

“Depois da imagem passada do Corvo para o exterior da visita do Presidente da República, ele envergonha-nos, porque é a única voz que fala mal da forma como os corvinos receberam o Presidente da República e da forma como o Presidente da República se comportou”, afirmou o autarca socialista em declarações à agência Lusa.

Este ano, e pela primeira vez, a mensagem de Ano Novo do Presidente da República foi transmitida a partir do Corvo, a ilha mais pequena do arquipélago dos Açores, onde Marcelo Rebelo de Sousa fez a sua passagem de ano, com os habitantes da ilha açoriana, a 1.890 quilómetros de Lisboa.

Em comunicado de imprensa, o deputado do Partido Popular Monárquico (PPM) no parlamento açoriano, eleito pelo círculo eleitoral do Corvo, acusou o chefe de Estado de se deixar instrumentalizar pelos interesses do PS dos Açores, considerando um "fracasso monumental" o jantar da passagem de ano no Corvo.

"Em virtude de Marcelo Rebelo de Sousa se ter deixado raptar e instrumentalizar pelos interesses do Partido Socialista, o jantar de fim de ano constituiu um fracasso monumental. Não estiveram presentes mais de seis dezenas de residentes na ilha do Corvo. Isto no âmbito de uma população que soma mais de 430 pessoas", advogou Paulo Estêvão na quarta-feira.

Em reação, o autarca do Corvo acusou o deputado do PPM de ter ido “longe demais” e de ter faltado à verdade.

“Eu acho que o fracasso monumental é ele envergonhar os corvinos da maneira que o fez. Essas declarações só podiam vir de alguém que, não sendo corvino, conseguiu ver no Corvo um sítio para projetar o seu ego político e pessoal”, criticou.

José Manuel Silva disse que Paulo Estêvão “faltou ao respeito” ao Presidente da República, dizendo que as suas afirmações “foram falsas”, acrescentando que o deputado monárquico conotou Marcelo Rebelo de Sousa com questões políticas, “quando a visita não teve rigorosamente nada a ver com isso”.

“Acho que enganou os corvinos, porque horas antes da chegada do Presidente da República, ele deu uma conferência de imprensa a dizer que iria exercer toda a sua influência junto do Presidente da República para a resolução de alguns problemas que afetam o Corvo e os corvinos. Isso não aconteceu. O senhor escondeu-se completamente. Não apareceu nas ruas enquanto o Presidente da República esteve no Corvo”, acusou.

Segundo o autarca, o jantar da passagem de ano estava efetivamente previsto para 240 pessoas e “os lugares não foram todos ocupados”, mas estiveram no local “entre 160 a 170” pessoas e não as seis dezenas apontadas pelo deputado monárquico.

“Termos 150 pessoas num jantar, numa comunidade de 430, estamos a falar de mais de um terço da população da ilha, sendo que nesta altura há muitas pessoas que saem para passar o Natal e a passagem de ano noutros sítios”, frisou.

José Manuel Silva adiantou que o tempo “bastante rigoroso” levou a que algumas pessoas tenham acabado por ficar em casa, acrescentando que o luto afastou também vários habitantes.

“Há um fenómeno que pesa muito na cultura corvina que foi o facto de este ano terem falecido nove pessoas e os familiares diretos e alguns até mais indiretos respeitam o luto e não participam em festas, nem mesmo em festas religiosas”, sustentou.


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