Açoriano Oriental
Caso Intermezzo
Advogado de defesa renuncia ao caso
O advogado dos dois franceses Corine Gaspar e Thierry Beille, acusados de ter morto um navegador solitário no Algarve, em Agosto de 2006, disse hoje à Lusa ter renunciado a este caso, designado de "Intermezzo".

Autor: Lusa / AO online
Corinne Gaspar e Thierry Beille - há a dúvida se são irmãos ou meio-irmãos, filhos de pai diferente - estão acusados de matar em 2006, ao largo do Algarve, o navegador francês André Le Floch numa embarcação baptizada de Intermezzo.

Na quarta-feira, dia 24, data do início da primeira audiência no Tribunal de Lagos e depois de os arguidos se terem comportado de forma menos usual mandando papéis ao advogado que os estava a defender, António Vilar, este admitiu renunciar à defesa dos dois franceses, por considerar que a sua ética profissional tinha sido colocada em causa.

Hoje, António Vilar confirmou à agência Lusa a sua efectiva renuncia ao "caso Intermezzo".

"Senti que se não abandonasse o caso seria lesado na minha dignidade profissional por ir colaborar com algo ilícito. Um julgamento não é um circo mediático", contou à Lusa o advogado António Vilar.

"Estou profundamente convencido de que os meus ex-constituintes estão a ser objecto de uma execrável manipulação que instrumentaliza a sua condição e todo o contexto dramático em que estiveram e estão envolvidos para fins completamente alheios à realização da Justiça e à aplicação das leis", lê-se num documento enviado à Lusa.

Segundo o agora ex-advogado dos dois irmãos franceses, Corine e Thierry deram uma conferência de imprensa aos jornalistas presentes em "pleno julgamento", no dia 24.

"Senti que havia outros interesses, que eram interesses mediáticos e não estritamente jurídicos", explica António Vilar, recordando, no entanto, que estava convicto de conseguir "uma sentença justa e equilibrada".

"É um caso muito difícil, estudei-o bem e creio que ia conseguir bons resultados, uma sentença justa e equilibrada", adiantou à Lusa.

António Vilar comentou que estava a trabalhar para que Corine Gaspar fosse condenada a uma pena onde "pudesse sair em liberdade num curto espaço de tempo" e que Thierry Beille "talvez conseguisse uma pena de 10 ou 12 anos", quando todos diziam que Thierry iria apanhar 25 anos, observou o ex-patrono.

Segundo António Vilar, não lhe é possível "exercer a advocacia cercado de interesses obscuros, sem ter independência, liberdade e autonomia técnica". Refere, também, que está convicto de que enquanto se ocupou do caso realizou um trabalho "sério" e "rigoroso" e "valioso para os arguidos".

O casal arguido no "caso Intermezzo" está actualmente sem advogado - o Tribunal de Lagos já informou os dois arguidos - e agora o passo seguinte é os dois franceses escolherem outro defensor que esteja no "mercado", "fale português" e "inscrito na Ordem dos Advogados", declarou António Vilar.

"Se não indicarem um advogado, o tribunal terá que pedir a nomeação de um advogado ao Conselho Distrital de Faro" da Ordem dos Advogados, como previsto no artigo 39º do Código do Processo Civil.

O "caso Intermezzo" tinha 18 testemunhas, 14 comuns (da defesa e acusação) e mais quatro da defesa.

Entre as testemunhas arroladas, quatro delas não compareceram à primeira audiência, entre elas o ex-coordenador da Departamento de Investigação Criminal de PJ de Portimão, Gonçalo Amaral, devido ao facto de o Tribunal de Lagos não ter conseguido notificá-las.
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