Autor: Lusa/AO Online
Tiago Machado, que representou a Associação Portuguesa de Empresa de Cigarros Eletrónicos, entretanto desconstituída, explicou à agência Lusa que o setor sofreu um “duro revés há precisamente um ano”, quando um estudo japonês indicou que os cigarros eletrónicos continham até dez vezes mais agentes cancerígenos do que o tabaco convencional.
“O setor caiu completamente com a notícia do estudo japonês, com dados falsos. Foi o princípio do fim. O ‘formaldeído’ [composto líquido utilizado nos cigarros eletrónicos], só afeta a saúde das pessoas quando é ‘vapeado’ a 900 graus e sabe-se que o cigarro eletrónico é ‘vapeado’ a 180/200 graus”, disse Tiago Machado.
Segundo aquele responsável, depois do ‘boom’ de 2013-2014, em que se contabilizavam entre 300 a 400 mil ‘vapeadores’ em Portugal, o número atualmente de pessoas que fuma cigarros eletrónicos desceu para cerca de cinco mil.
“Deixou de ser um negócio em Portugal. Em países como França, Holanda, Inglaterra e Estados Unidos, o ‘vapeio’ é defendido por ordens médicas e instituições de saúde. Em Portugal deixou de ser negócio”, sublinhou.
De acordo com Tiago Machado, também o alargamento do Imposto sobre o Tabaco aos cigarros eletrónicos, com uma carga fiscal “demasiado elevada” e “12 vezes superior à de Espanha”, levou “ao fim de esperança que havia em recuperar o setor”.
Patrícia Figueiredo foi uma das fumadoras de tabaco tradicional que passou a ‘vapear’ em março de 2014, quando a moda estava no auge. Fumadora desde os 14 anos, decidiu, numa altura em que estava debilitada fisicamente, trocar o tabaco normal pelos cigarros eletrónicos, sobretudo por uma questão de dinheiro.
“Antes gastava cerca de 120 euros por mês, passei a gastar cinco (…)”, declarou à Lusa.
Patrícia revelou não se ter assustado com o facto de os estudos afirmarem que afinal este tipo de cigarros também é prejudicial à saúde, acreditando que “nunca irá ser mais prejudicial que o tabaco” e estando consciente de que qualquer tipo de inalação é prejudicial: “esta será menos má e mais barata”.
Para Patrícia Figueiredo, os cigarros eletrónicos trouxeram-lhe uma vantagem, pois deixou de fumar.
“Na realidade, já não fumo. Comecei a ‘vaporizar’ há cerca de um ano e oito meses, com um nível de nicotina de 12. Durante o primeiro ano fui reduzindo gradualmente e há mais de meio ano que tenho sempre comigo o ‘vaporizador’, mas com nicotina a zero. Serve muitas vezes para aquelas alturas em que se dão os almoços e jantares de empresa e/ou amigos e para não arriscar o ‘vou fumar só um’, tenho sempre o vaporizador comigo”, explicou.
Segundo um inquérito do Eurobarómetro divulgado a 29 de maio passado, os cigarros eletrónicos eram a escolha de 2% dos fumadores portugueses, em linha com a média da UE, sendo que 1% respondeu ao estudo ter usado e desistido (UE 3%) e 3% experimentaram e desistiram (UE 7%).
No total, 6% dos portugueses já experimentaram o cigarro eletrónico (UE 12%), mais os homens (PT 7%, UE 13%) do que as mulheres (PT 4%, UE 10%).
Hoje, assinala-se o Dia do Não Fumador.
-
Misericórdia lança novo concurso para ampliar lar e criar centro de dia em São Roque do Pico
-
Cultura e Social
Exibições de cinema voltam ao Parque Atlântico