Histórias dos Rallyes

Pedro Câmara Jr vai correr na Peugeot Rally Cup Portugal e Ibérica

Depois da vitória no FPAK Júnior Team, a época de 2026 vai marcar o salto do jovem piloto micaelense de 18 anos para as mais evoluídas viaturas Rally4, onde irá disputar as duas competições da Peugeot Rally Cup



Depois de surpreender o meio dos ralis em Portugal com uma vitória no FPAK Júnior Team, Pedro Câmara Júnior (Jr) aponta agora baterias para 2026, onde irá correr com um Peugeot 208 Rally4 na competitiva Peugeot Rally Cup Ibérica, bem como na Peugeot Rally Cup Portugal, que incluem algumas provas do campeonato nacional das duas rodas motrizes (2RM). 

Para tal serão úteis, mas não suficientes, os 50 mil euros de prémio que a Federação Portuguesa de Automobilismo e Karting (FPAK) dá ao vencedor do Júnior Team, lançando-o assim em voos mais altos. Contudo, a equipa ainda está a trabalhar arduamente para conseguir reunir todos os apoios necessários para concretizar este projeto. Refira-se que o FPAK Júnior Team, corrido com viaturas da classe de iniciação Rally6, é o equivalente português ao mítico “Rallye Jeunes” francês, de onde saíram pilotos como Sébastien Loeb ou Sébastien Ogier.  

Além disso, caso seja possível reunir os apoios suficientes, Pedro Câmara Jr pretende também fazer o Campeonato dos Açores de Ralis nas 2RM. 

Aos 18 anos, o enorme talento de Pedro Câmara Jr pode levar o nome de Portugal bem longe nos ralis, assim este jovem micaelense consiga manter o “foco” e consiga também obter os apoios necessários para ganhar em Portugal e dar o salto para as corridas internacionais. 

O sonho de Pedro Câmara Jr. é o de chegar o mais longe possível, com o WRC no “topo” dos seus desejos, mas para já há ainda muito caminho para andar. “A minha carreira tem de ser passo a passo e não dar um passo maior do que as pernas, se bem que eu tenha as pernas grandes, mas não tanto”, afirma com um sorriso Pedro Câmara Jr em entrevista ao Açoriano Oriental. 

Quando ainda falta disputar a quinta e última prova do FPAK Júnior Team, Pedro Câmara Jr, que foi navegado pelo seu tio João Câmara, já é campeão, tendo vencido três dos quatro ralis já disputados e só não venceu os quatro devido ao um furo (o seu único contratempo em toda a época até agora) no Rallye Vidreiro. A última prova do FPAK Júnior Team 2025 é o Rali de Águeda, que se corre precisamente no mesmo fim de semana do Azores Rallye, impossibilitando assim Pedro Câmara Jr de concretizar já este ano o seu desejo de correr na prova rainha dos ralis açorianos.  

No FPAK Júnior Team, Pedro Câmara venceu as eliminatórias que tiveram mais de 600 candidatos e teve de andar em carros de série num kartódromo, “onde era bastante difícil sobressair”, recorda o piloto, para quem o essencial foi “fazer as trajetórias o mais perfeitas possível” e não falhar as passagens de caixa. 

Depois de vencer as eliminatórias, os ralis do FPAK Júnior Team foram para Pedro Câmara Jr “uma aprendizagem gigante, porque nunca tinha conduzido no asfalto e não tinha sequer experiência em carros de rali a sério”, salienta o piloto. Mas apesar de ter dominado os seus adversários com facilidade, Pedro Câmara Jr não deixou de procurar ter uma boa relação com eles,  em especial com Francisco Fontes, filho do antigo campeão nacional de ralis, José Pedro Fontes, “com quem jogava no simulador”, revela. Aliás, Pedro Câmara Jr considera que o seu maior adversário nas corridas é ele próprio, “porque tenho sempre de trabalhar hoje para ser melhor do que aquilo que fui ontem, tentando sempre melhorar os meus tempos”, afirma. 

Pedro Câmara Jr chegou ao FPAK Júnior Team com apenas um rali disputado oficialmente, o Rallye Capital do Queijo - Fajãs de São Jorge, com um Renault Super 5 preparado em casa pelo seu pai, o piloto-espetáculo dos ralis açorianos, Pedro Câmara. O rali durou pouco tempo, porque o carro com quase 40 anos não aguentou o andamento do jovem piloto: “furamos e tivemos de retirar parafusos do motor para colocar numa rótula de suspensão, além de termos terminado um troço em três rodas, onde ainda fizemos um bom tempo, mesmo sem travões”, recorda. Pedro Câmara Jr foi navegado pelo seu pai nesse primeiro rali e impressionou logo no segundo troço a sério, os pouco mais de 9 quilómetros da Chã do Paúl, onde fez o terceiro melhor tempo, atrás de dois pilotos com viaturas Rally2 e R5, sendo um deles “apenas” o antigo campeão do WRC2, o francês Pierre-Louis Loubet! Um tempo que impressionou de tal maneira toda a gente que estava a acompanhar o rali, que a organização “não queria acreditar no nosso tempo e foi confirmar o nosso percurso no GPS, para ver se tínhamos cortado caminho”, recorda o pai, Pedro Câmara. 

Filho de piloto, Pedro Câmara Jr é um predestinado para os ralis. Era tão novo quando pegou pela primeira vez num volante para conduzir um automóvel que não se lembra desse momento. Conforme recorda o pai, Pedro Câmara, “ele conduzia no meu colo, depois começou a pegar no volante sozinho, mais tarde a manusear também a caixa de velocidades e tivemos de arranjar uns tacos de madeira, porque ele não chegava aos pedais”. Em criança, Pedro Câmara Jr já impressionava todos com os seus piões e acrobacias ao volante de carros velhos. “Lembro-me quando estava na escola, que para os meus colegas e professores parecia assustador como é que uma criança como eu já conduzia, já fazia derrapagens e já fazia piões”, recorda Pedro Câmara Jr. 

Antes de ter carta de condução e poder começar a fazer ralis, o jovem micaelense foi campeão nacional de BTT - Downhill no escalão de cadetes, onde apurou os seus reflexos ao ponto de achar que no Peugeot 208 Rally6 do FPAK Júnior Team as coisas se passam “devagar”! Conforme conclui Pedro Câmara Jr, “no Rally6 eu ainda tenho bastante tempo para pensar”, um sentimento que vem dos tempos em que correu no motocross e no BTT, “porque os nossos reflexos nas bicicletas são bastante apurados e o nosso poder de concentração tem de estar a 110 por cento”! Uma “vantagem” que Pedro Câmara Jr tem em relação aos outros jovens pilotos de ralis, uma vez que há certas reações por instinto “que eu tenho mais apuradas do que eles, bem como a leitura do terreno, por ter vindo de desportos como o motocross e o BTT”. 

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