Açoriano Oriental
Direção do PSD responderá “no momento certo” a “crise artificial”, diz Rangel

O cabeça de lista do PSD às europeias, Paulo Rangel, acusou este sábado o primeiro-ministro de criar uma “crise artificial” e assegurou que a direção nacional responderá “no momento certo” à ameaça de demissão de António Costa.

Direção do PSD responderá “no momento certo” a “crise artificial”, diz Rangel

Autor: AO Online/ Lusa

Em declarações aos jornalistas num evento de pré-campanha das europeias, em Gondomar – onde a presença do presidente do PSD, Rui Rio, foi cancelada durante a tarde -, Rangel acusou Costa de ter “um duplo padrão” e de ter desvalorizado, no passado, as mortes nos incêndios de 2017 ou o furto de armas em Tancos.

“Acho estranho que se faça esta dramatização e esta encenação que fez o primeiro-ministro António Costa quando, perante um caso grave como os incêndios de Pedrógão, desvalorizou – até foi de férias na altura -, quando perante um caso que põe em causa a soberania nacional como Tancos não deu importância nenhuma ou num caso que lança suspeições sérias, como o caso das famílias, também desvalorizou”, criticou.

Na sexta-feira, o primeiro-ministro anunciou que comunicou ao Presidente da República que o Governo se demitirá caso a contabilização total do tempo de serviço dos professores seja aprovada em votação final global no parlamento, depois de o ter sido na especialidade na quinta-feira, apenas com votos contra do PS.

Paulo Rangel considerou que a questão da contagem integral do tempo de serviço dos professores está “mal enquadrada” e defendeu que a proposta do PSD “é responsável” e “tem condicionalidades”, como o crescimento económico ou a consolidação financeira, podendo traduzir-se não apenas em pagamento, mas em antecipação de reformas ou redução de horários.

“Acho grave que o primeiro-ministro tenha criado uma crise artificial no país, ela merece uma resposta na devida altura e tê-la-á na altura devida”, afirmou.

Questionado se o PSD irá assumir a responsabilidade de ‘segurar’ o Governo, o eurodeputado respondeu: “A direção nacional no momento oportuno falará”, sem nunca precisar qual será esse ‘timing’.

“O que eu acho estranho é que se esteja a dar a uma crise artificialmente criada pelo primeiro-ministro esta importância e esta relevância toda. Quando se brinca com assuntos sérios, é preciso que as reações sejam dadas no tempo certo, não no daqueles que veem demasiadas séries de ficção política”, disse.

Perante a insistência dos jornalistas, o cabeça de lista do PSD apenas repetiu que a direção nacional do PSD “falará no momento certo e não vai andar atrás do calendário político que o primeiro-ministro estabeleceu para si mesmo”.

“Já tínhamos visto isto com António José Seguro, já tínhamos visto isto na formação do Governo (…) Os portugueses conhecem bem o doutor António Costa e o doutor Rui Rio, sabem quem é confiável, responsável, moderado. No momento certo terão a resposta e eu não vou dizer mais nada”, acrescentou.

A comissão parlamentar de Educação aprovou na quinta-feira uma alteração ao decreto do Governo, com os votos contra do PS e o apoio de todas as outras forças políticas, estipulando que o tempo de serviço a recuperar são os nove anos, quatro meses e dois dias reivindicados pelos sindicatos docentes.

A proposta inicial dos sociais-democratas condicionava a negociação do tempo de serviço dos professores ao crescimento da economia e à sustentabilidade do sistema na área da educação, pontos que foram ‘chumbados’ na especialidade com os votos contra de PS, BE e PCP.

No texto original do PSD referia-se que o Governo deveria ter em conta na reposição do tempo de serviço dos professores, por um lado, “os recursos disponíveis face à situação económica e financeira do país, tendo em conta, nomeadamente, a taxa de crescimento do PIB e a evolução da dívida pública”.

Por outro lado, o Governo deveria ter em conta “a sustentabilidade futura do sistema público de educação, designadamente ao nível de necessidade de rejuvenescimento do pessoal docente, revisões de carreiras, ritmo de aposentações e necessidades futuras do sistema educativo”.

Na proposta original dos sociais-democratas lia-se ainda que a contabilização “deverá ser considerada de forma proporcional ao crescimento da economia” e observar “o respeito pela regra da despesa contida no Pacto de Estabilidade e Crescimento, de forma a que o aumento das despesas com o pessoal na esfera orçamental do ensino básico e secundário e administração escolar não possa significar a ultrapassagem do limite anual de crescimento da despesa, de modo a ser assegurada a sustentabilidade e a compatibilização com os recursos disponíveis”.


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