Autor: Lusa / AO online
Os cientistas disseram que a estirpe da Mycobacterium tuberculosis está ligada a um surto da doença que causou a morte a mais de 50 pessoas na província sul-africana de KwaZulu, em Natal.
Num relatório sobre a sua investigação, os cientistas apontaram que a análise inicial revelou escassas diferenças no ADN entre a bactéria resistente aos medicamentos (XDR) e as que são mais sensíveis.
"A estirpe decifrada é responsável pela maioria dos mais de 300 casos de XDR identificados até agora" nessa região da África do Sul, disse Willem Sturm, decano da Escola de Medicina Nelson Mandela e um dos principais participantes na investigação.
"A caracterização genética desta estirpe é essencial para o desenvolvimento dos instrumentos necessários no controlo desta epidemia", alerta Sturm no relatório do Instituto Broad.
A tuberculose é uma das doenças infecciosas mais mortais e calcula-se que quase 2.000 milhões de pessoas sejam portadoras da bactéria.
Os principais obstáculos ao controlo da doença têm origem na crescente capacidade do microrganismo para iludir os tratamentos actuais.
A isso junta-se o problema dos métodos deficientes de diagnóstico que dificultam a possibilidade de determinar se uma pessoa está infectada com a estirpe resistente aos medicamentos, o que atrasa a terapia adequada.
Segundo Megan Murray, membro do Instituto Broad e professora da Escola de Saúde Pública da Universidade de Harvard, a gravidade da doença exige a procura de novos métodos de diagnóstico e tratamentos.
"Ao analisar os genomas de estirpes diferentes, podemos entender a forma como micróbio ilude os medicamentos actuais e como podemos desenhar novas terapias", acrescentou.
Os cientistas indicam no relatório do Instituto Broad que decidiram anunciar os resultados do seu trabalho antes da publicação em revista especializada devido à importância que tem na luta contra a doença.
"A informação sobre o genoma é uma ferramenta importante para compreender a biologia de uma doença infecciosa como a tuberculose", afirmou Eric Lander, director do Instituto Broad.
"É importante que os dados do genoma sejam postos de imediato à disposição dos cientistas, especialmente naquelas regiões mais afectadas pela doença", acrescentou.
Murray explicou que os resultados da investigação permitem o desenvolvimento de um meio de diagnóstico rápido da tuberculose.
"Esse novo meio permitiria um diagnóstico mais rápido e preciso e ajudaria a prevenir a propagação da doença, especialmente das suas estirpes mais agressivas", acrescentou.