A Câmara de Comércio e Indústria de Angra do Heroísmo (CCIAH) considera tecnicamente falta e politicamente irresponsável a resposta da SATA a um requerimento do Partido Socialista sobre a operação aérea para a Ilha Terceira. Em comunicado, a entidade afirma que a posição da companhia constitui uma afronta à inteligência dos açorianos e, em particular dos terceirenses, contribuindo para o descrédito da empresa e dos seus dirigentes.
A CCIAH aponta como contraditório afirmar que a procura pela Terceira no período do Natal é inexistente e, simultaneamente, reforçar em cerca de mil lugares a ligação Ponta Delgada – Terceira – Ponta Delgada.
Na prática, sustenta o comunicado, o que se verifica é um reforço dos voos de Lisboa e do Porto para Ponta Delgada, acompanhado de um aumento das ligações interilhas, com cerca de mil lugares adicionais para a Terceira e aproximadamente 1500 para as restantes ilhas.
“Perante este cenário, é hoje impossível entrar nos Açores usufruindo da tarifa máxima bonificada de 600 euros com destino à Ilha Terceira sem passar por Ponta Delgada, já que as tarifas disponíveis para a Terceira, fruto da procura efetivamente existente, se encontram muito acima desse valor”, lê-se.
A entidade distingue a política seguida nos transportes marítimos, elogiando o esforço da Secretária Regional do Turismo e Mobilidade Berta Cabral na reposição do papel do porto da Praia da Vitória, mas critica fortemente a postura no transporte aéreo.
A CCIAH entende existir uma orientação política para a centralização da operação em Ponta Delgada, apontando custos operacionais adicionais entre 100 e 150 mil euros, receitas não capturadas entre 280 e 400 mil euros, e prejuízos para a SATA Air Açores entre 40 e 70 mil euros, sem benefícios para a mobilidade regional.
Em sentido oposto, a nota destaca a atuação da TAP, que continua a apostar na Terceira enquanto gateaway, com o reforço das ligações, incluindo um night stop pontual e quatro voos diretos semanais para o Porto a partir de abril de 2026. Para a Câmara, é lamentável que seja a companhia aérea nacional a contribuir para a coesão regional, enquanto a empresa pública regional, segundo afirma, fragiliza a autonomia e aprofunda divisões no arquipélago.
