Açoriano Oriental
Estradas partilhadas por carros e vacas são "cartaz turístico" e inevitabilidade
Nos Açores, as estradas são "tranquilamente" partilhadas entre carros e vacas, um "cartaz turístico" que o presidente da Federação Agrícola diz ser uma inevitabilidade, mas provocar acidentes "quase residuais", fruto do hábito, da sensibilização e de investimentos em infraestruturas.
Estradas partilhadas por carros e vacas são "cartaz turístico" e inevitabilidade

Autor: Lusa/AO online

“Sabemos que esse é um cartaz turístico até interessante para ser visto, mas também depois a nível dos transeuntes sabemos que há algumas complicações, mas cada vez há menos animais nas estradas”, afirmou à Lusa Jorge Rita, alegando que os agricultores “só vêm com os animais para as estradas, porque não têm qualquer tipo de alternativa”.

Fonte da PSP adiantou à Lusa que em 2013 ocorreram nos Açores um total de 48 acidentes provocados por animais de diversos tipos, dos quais 26 contabilizados na Divisão policial de Angra do Heroísmo, 15 na de Ponta Delgada e sete na da Horta.

A melhoria das condições das vias rodoviárias e a atenção/cuidado por parte dos condutores “ajudam a diminuir os números de acidentes contabilizados anualmente nas ilhas”, que segundo a mesma fonte policial “têm uma percentagem cada vez menor”.

Habituadas a pastar ao ar livre, em parcelas de terra arrendadas e junto às estradas regionais, as vacas açorianas já se habituaram às deslocações periódicas no asfalto, um trajeto feito, por norma, com uma pessoa à frente para avisar os automobilistas do que vão encontrar e outra no fim da manada, para garantir que nenhum animal se perde.

“As vacas também, naturalmente, já se desviam, porque estão habituadas a lidar dia-a-dia com os carros. Os animais já se desviam de forma tranquila das próprias viaturas. Sabemos que existe em alguns pontos das ilhas muitos animais a passar nas estradas, mas esta é uma situação inevitável”, disse Jorge Rita, lembrando que o nível de emparcelamento e condições das explorações agrícolas (luz e água) ainda estão “muito aquém do desejável”.

Para o presidente da Federação Agrícola dos Açores, a “relação tranquila” nas ilhas entre viaturas e animais também é fruto da sensibilização que tem sido feita ao longo dos anos, o que tem contribuído para que sejam “quase residuais” os acidentes rodoviários envolvendo gado na região.

“Os condutores cada vez mais têm cuidados, mas essencialmente é porque também nós próprios, agricultores, temos evitado ao máximo que haja animais na estrada. Só vão alguns animais para a estrada porque não temos qualquer tipo de hipótese de fazer ao contrário”, afirmou Jorge Rita, acrescentando que estas deslocações acontecem, por norma, logo de manhã para evitar constrangimentos rodoviários.

Os últimos investimentos do Governo Regional ao nível da beneficiação e construção de novas vias de circulação rodoviária, sobretudo nas ilhas de S. Miguel e Terceira, contemplam já em alguns casos uma espécie de “vacodutos”, nome popular usado para designar as passagens superiores usadas pelos animais quando mudam de pastagem.

Segundo os dados da Federação Agrícola há cerca de 250 mil cabeças de gado bovino na região, das quais 120 mil estão concentradas na ilha de S. Miguel.

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