Açoriano Oriental
Atentados de 11 de Março
Associação das Vítimas vai recorrer das sentenças
A Associação das Vítimas do 11 de Março anunciou esta quarta-feira que vai recorrer das sentenças aplicadas pela Justiça espanhola aos 28 acusados pelos atentados de Madrid, três dos quais foram condenados a penas máximas.

Autor: Lusa / AO online
"Vamos apelar contra este erro. Não gosto de ver assassinos saírem em liberdade", declarou aos jornalistas a presidente da associação, Pilar Manjon, que perdeu um filho de 20 anos nos atentados de 11 de Março de 2004.
Pilar Manjon referia-se em particular a Radei Osman El Sayed, conhecido por "Mohamed O Egípcio", cuja absolvição pela Audiência Nacional constituiu uma surpresa.
"Mohamed O Egípcio", que cumpre uma pena de oito anos de prisão em Itália, foi apresentado pela acusação com sendo um dos três organizadores dos atentados de Madrid, dos quais resultaram 191 mortos e 1.841 feridos.
Dois outros acusados de terem organizado os atentados, os marroquinos Yussef Belhadj e Hassan al-Haski, foram condenados a penas de prisão inferiores a 20 anos por pertencerem a um grupo terrorista.
A Audiência Nacional condenou a penas de prisão de quase 40 mil anos três dos oito principais acusados dos atentados.
Estes três condenados foram considerados culpados pelos assassínios e por tentativas de assassínios terroristas e ficarão na prática com as penas de prisão limitadas a 40 anos para cada um, tempo máximo de cadeia previsto na lei espanhola.
Trata-se dos marroquinos Jamal Zugan, reconhecido como culpado de ter colocado as bombas, e Othman al-Ghadui e do espanhol José Emílio Suarez Trashorras, ambos considerados "colaboradores necessários" para os atentados por terem participado no fornecimento dos explosivos à célula islâmica.
No total, foram condenadas 21 pessoas, das 28 em julgamento, e sete foram absolvidas.
"Queremos saber porque é que muitos dos acusados foram absolvidos. Porque não foi tido em conta o relato de uma testemunha, segundo a qual 'o Egípcio' foi visto" num dos locais de preparação dos atentados, disse Pilar Manjon.
Cecilio Cano, que perdeu uma filha que seguia nos "comboios da morte", disse apoiar a decisão da Associação das Vítimas do 11 de Março de recorrer da sentença.
Em lágrimas à saída do tribunal, Maribel Persa, mãe de um jovem de 24 anos morto nos atentados, considerou o julgamento "injusto" e "vergonhoso".
"Depois de tudo o que aconteceu, é um golpe muito duro, as penas não são suficientes", afirmou.
Para Eutequi Gutierrez, pai de uma rapariga morta nos atentados, há "poucos culpados para um crime tão horrível".
Apesar da decepção das vítimas, o primeiro-ministro espanhol, José Luís Rodriguez Zapatero, considerou que "foi feita justiça".
Poucos minutos depois da leitura da sentença pela Audiência Nacional, o chefe do governo socialista homenageou a polícia que liderou a investigação e as instituições judiciais por este processo "rápido".
"Hoje, foi feita justiça e (…) devemos olhar para o futuro", declarou Zapatero.
As vítimas e as famílias destas "poderão hoje sentir-se aliviadas do seu sofrimento ao verem que a verdade foi estabelecida e a responsabilidade dos autores definida".
"A sentença demonstra o funcionamento exemplar das instituições", declarou ainda Zapatero em Madrid.
A leitura da sentença do pior atentado terrorista cometido em território espanhol despertou uma enorme expectativa política, social e mediática em Espanha.
Todas as cadeias de televisão espanholas transmitiram em directo de Madrid a leitura da sentença pelo juiz Gómez Bermudez, à qual assistiram 27 dos 28 acusados e uma ampla representação das vítimas.
O julgamento dos atentados de 11 de Março de 2004 em Madrid decorreu entre Fevereiro e Julho deste ano.
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