Crimes patrimoniais aumentam nos Açores entre 2020 e 2024 avança APAV

A Região Autónoma dos Açores contabilizou 90 vítimas de crimes contra o património entre 2020 e 2024, segundo os dados mais recentes da APAV. A nível nacional, o número de vítimas mais do que duplicou no mesmo período



Os Açores registaram 90 vítimas de crimes patrimoniais apoiadas pela Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) entre 2020 e 2024, segundo dados recentes divulgados pela associação. Em 2020 foram registadas 8 vítimas nos Açores, 7 em 2021, 22 em 2022, 35 em 2023 e 18 em 2024, evidenciando flutuações significativas,com um grande aumento em 2022 e 2023, sendo que houve uma descida ligeira em 2024.


De acordo com o sítio oficial da associação, a nível nacional, os números são mais expressivos e mostram que os crimes patrimoniais têm vindo a aumentar de forma consistente. Entre 2020 e 2024, a APAV apoiou 3.050 vítimas, um crescimento de 101,5% face ao primeiro ano analisado. Em 2020 contabilizaram-se 413 vítimas, número que subiu ligeiramente em 2021 (439) e aumentou de forma acentuada a partir de 2022 (554), atingindo 812 em 2023 e 832 em 2024. A APAV refere que este crescimento não apenas reflete maior ocorrência de crimes, como também evidencia uma maior procura de apoio especializado por parte das vítimas.


No que diz respeito aos tipos de crimes patrimoniais, a burla foi o mais frequente, com 1.311 registos, seguida dos danos (502), furtos (471), extorsões (315), abusos de confiança (231), roubos (287). A associação sublinha que estes delitos, para além de lesarem diretamente o património das pessoas, têm impactos emocionais e psicológicos que contribuem para o aumento da perceção de insegurança.


As estatísticas revelam ainda que a maioria das vítimas era do sexo feminino, representando 57,8% do total (1.764 mulheres). As vítimas do sexo masculino corresponderam a 39,2% (1.197), havendo ainda registo de vítimas de outro género e casos sem informação. 


Na análise à relação entre vítima e pessoa agressora, os dados indicam que o tipo mais frequente foi a relação pai/mãe da pessoa agressora, com 275 casos (8,7%). Também se destacam situações envolvendo irmãos, vizinhos, pessoas conhecidas e relações de intimidade. Importante ainda notar que 221 vítimas (7%) não tinham qualquer relação prévia com o agressor.


Quase metade das vítimas - 45,1% (1.376 pessoas) - não apresentou queixa às autoridades judiciais ou judiciárias.


Quanto à nacionalidade, 76,7% das vítimas eram de nacionalidade portuguesa (2.338), enquanto o restante se distribuiu por outros países europeus, africanos, americanos, asiáticos e, de forma residual, oceânicos. Os casos sem informação sobre nacionalidade também aumentaram ao longo dos anos.


Sobre o local da vitimação, a internet e/ou telefone foi o contexto mais comum, representando 33,8% das situações, o que confirma o crescente peso da criminalidade digital. Segue-se a residência da vítima (25,9%), que inclui furtos, danos, extorsões e situações envolvendo familiares ou pessoas conhecidas. 


No que respeita ao número total de crimes patrimoniais, a APAV contabilizou 3.189 ocorrências entre 2020 e 2024, um aumento de 71,7%. Em 2020 foram registados 492 crimes, descendo ligeiramente em 2021 (455) e voltando a aumentar de forma contínua até aos 845 crimes identificados em 2024.


A APAV alerta que os crimes contra o património afetam a sensação de segurança das pessoas, gerando medo e insegurança. A associação diz que os números mostram a importância de reforçar a prevenção, a literacia digital, o apoio às vítimas e os mecanismos de denúncia em todo o país.

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