Açoriano Oriental
Uma única pessoa trata do presépio movimentado na Ribeira Grande
Centenas de bonecos feitos de barro, madeira e pano, representando cenas do quotidiano rural açoriano, compõem o presépio movimentado do museu municipal da Ribeira Grande, na ilha de S. Miguel, cuja manutenção é feita unicamente por Emanuel Oliveira.

Autor: Lusa/AO Online

 

Conhecido como o presépio do senhor Prior, a peça ex-libris do Museu Municipal da Ribeira Grande foi fundada por Evaristo Carreiro Gouveia, pároco da paróquia de Nossa Senhora da Estrela, freguesia da Matriz, da Ribeira Grande, em 1915, com o objetivo de ajudar a igreja e ocupar os tempos livres dos jovens que se reuniam na Associação da Juventude.

Há sete anos que Emanuel Oliveira é o único responsável pela manutenção deste presépio, que está exposto durante todo o ano no primeiro andar do edifício do museu, mas que é anualmente reparado e modificado ligeiramente antes do Natal, para surpreender os milhares de visitantes que costumam acorrer ao local a partir do dia 25 de dezembro.

“Eu aprendi com os antigos mestres do presépio como é que se fazia a manutenção. É uma honra e uma responsabilidade bastante grande, porque estou sozinho. Quando aprendi havia mais pessoas”, afirmou à Lusa Emanuel Oliveira, acrescentando que “para já não há mais ninguém a manifestar interesse em aprender a tratar do presépio do senhor Prior”.

Além de recuperar os bonecos que se vão danificando, Emanuel Oliveira procura, durante o mês de dezembro, manter em pleno funcionamento o antigo sistema que movimenta o presépio, agora feito graças a um único motor elétrico, introduzido nos finais da década de 70 do século passado.

Anteriormente todo o movimento do presépio partia de uma manivela movida por voluntários, que ficavam escondidos debaixo do estrado que suporta o presépio.

“Como o presépio vai estar consecutivamente várias horas sempre a trabalhar durante estes dias todos há desgastes grandes nos bonecos. Aquilo é tudo feito com cordas e fios de fieira, que antigamente enrolavam os piões. Tem de ter alguém sempre cá em cima para estar tudo a funcionar na altura do Natal”, referiu o encarregado pela manutenção do presépio, que conta com a “preciosa e atenta ajuda” dos visitantes na deteção de anomalias.

Segundo disse Emanuel Oliveira há casais e pessoas que “vêm visitar religiosamente” este presépio todos os anos pelo Natal, chegando mesmo a dizer que se não o fizerem não lhes parece Natal.

“Todos os anos ele é igual, mas todos os anos ele é diferente, nem que seja só na cor. Tentamos sempre meter um movimento diferente, uma coisa nova, a pintura dos papéis, fareis e decoração em si”, afirmou Emanuel Oliveira.

Nesta quadra festiva o presépio do senhor Prior poderá ser visitado entre 25 de dezembro a 06 de janeiro, das 09.00 às 17.00 (mais uma hora em Lisboa) nos dias úteis, enquanto aos sábados, domingos e feriados estará aberto das 15.00 às 19.00, custando a entrada um euro por pessoa.

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