Autor: Lusa/AO Online
“A expectativa é alta de que haja uma grande adesão, porque as razões para isso são evidentes. É uma proposta vergonhosa e ofensiva, que não podemos de maneira nenhuma aceitar, para quem deu tanto para o equilíbrio das contas públicas e agora é premiado com 0,3%. É ofensivo”, afirmou.
O dirigente sindical falava, numa conferência de imprensa, em Angra do Heroísmo, à margem de um plenário sindical, em que apontou os motivos para a greve nacional dirigida a todos os funcionários públicos, convocada inicialmente pelo SINTAP e pela FESAP (Federação de Sindicatos da Administração Pública), afetos à UGT (União Geral de Trabalhadores), a que entretanto se juntaram outros sindicatos.
Segundo Francisco Pimentel, a contestação pretende forçar o Governo da República a renegociar o aumento dos salários da função pública em 2020, previsto em 0,3%.
“Esperávamos que em 2020 o Governo apresentasse uma proposta credível, uma proposta de bom senso, que repusesse em parte aquilo que foi o poder de compra perdido, ao longo destes anos – e estamos a falar em qualquer coisa como 15% –, e que fosse uma proposta que tivesse em conta a linha da inflação previsível para 2020”, salientou.
O dirigente sindical frisou que durante uma década os funcionários públicos estiveram sujeitos a cortes salariais, alegando que o aumento proposto tem em conta a inflação registada em 2019 e não a prevista para 2020 (1,4%).
“Não faz sentido o Estado ter pedido em sede do Conselho Económico e Social aos empregadores privados que fizessem um esforço de, em sede de negociação coletiva, ter aumentos salariais na ordem dos 2,7% e depois a seguir dar o exemplo de aumento de 0,3% para o setor público”, criticou, acusando o Governo da República de “hipocrisia”.
Francisco Pimentel alertou ainda para a necessidade de “revisão urgente da base das carreiras de assistente operacional, de assistente técnico e de técnico superior”, alegando que as posições mais baixas estão a ser “esmagadas” pelo aumento do salário mínimo, com funcionários que trabalham há 10/15 anos a ganhar o mesmo do que os que entram agora para a função pública.
Nos Açores, existem mais de 18.000 funcionários na administração pública regional, mais de 2.500 funcionários na administração pública local e mais de 2.000 funcionários nos três hospitais EPE.
Os aumentos salariais a aplicar na região serão de acordo com o que ficar estipulado para o resto do país, no Orçamento do Estado para 2020.