Autor: Lusa/AO online
"Estou orgulhosa, feliz e muito contente" por ter sido premiada por um filme "que foi difícil de fazer - levou três anos e teve um orçamento muito pequeno, pelo que atribuo o prémio aos atores e a toda a equipa que me acompanhou neste projeto extraordinário", disse Rosa Coutinho Cabral à agência Lusa.
A cineasta acrescentou ter acolhido este prémio com "especial agrado" por se tratar do reconhecimento de um festival jovem -- este foi o primeiro Krajina Film Festival, realizado entre 23 e 30 de julho último -- a um trabalho de uma pessoa "já entrada na idade".
"Coração negro" estreou-se no passado mês de maio, na Competição Nacional do festival IndieLisboa, e conta a história da vida de um casal que constrói uma casa na ilha do Pico, no lugar de São Miguel Arcanjo, cuja conjugalidade se vai desagregando à medida que avança a construção da casa.
Para a cineasta, trata-se de um filme "quase mudo, em que os atores, mais do que personagens [sem nome no filme] são pessoas" e no qual optou por um "esvaziamento narrativo, já que a intenção era falar sobre a morte da relação do casal".
"Na história do cinema já se viu e disse tudo do ponto de vista narrativo sobre a rutura da conjugalidade", referiu, justificando assim a opção de se ter socorrido da "natureza telúrica e vulcânica dos Açores", para ilustrar a morte da relação do casal.
Interpretado por Maria Galhardo, João Cabral e Miguel Borges, o filme tem argumento da cineasta e de Tiago Melo Bento.
Em 2013, Rosa Coutinho Cabral estreou "Arriverderci Macau", sobre o arquiteto Manuel Vicente, e, na temporada 2012/2013, com o Grupo de Teatro artivício, encenou a peça "Bartleby -- Um Experimento de Melville", que esteve em cena na LXFactory e no Teatro do Bairro, em Lisboa.
"Cães sem Coleira" e "Lavado em Lágrimas" são filmes anteriores da realizadora.
Neste momento, a cineasta encontra-se a preparar um documentário sobre Caminho Pessanha, que pretende candidatar em setembro, a financiamentos do Instituto do Cinema e do Audiovisual.
O poeta Camilo Pessanha, considerado expoente máximo do simbolismo, nasceu em Coimbra, em outubro de 1867, e morreu em Macau, em março de 1926.
A primeira edição do Krajina Film Festival decorreu de 23 a 30 de julho de 2017, segundo o site oficial do certame na internet.
A atribuição dos prémios deste certame na República Sérvia de Krajina - autoproclamada durante a década de 1990 -, ocorreu em agosto, segundo os agradecimentos publicados na sua página na internet.