Autor: Nuno Martins Neves
Domingo, em casa e diante do Pampilhosa, o mister Agatão despede-se do emblema fabril.
“Sinto um misto de tristeza e alegria”, diz o treinador alentejano, “alegria porque é uma aventura nova na minha vida e tristeza porque deixo para trás um projeto, pessoas e uma ilha onde, durante dez anos senti-me feliz e recompensado. Levo uma dívida de gratidão enorme dos Açores”.
A história de Agatão no Operário é longa e cheia de pormenores. O maior e talvez mais surpreendente prende-se com a longevidade que o técnico de 52 anos viveu ao leme dos fabris, algo, feito raríssimo no futebol português. Razões para estes oito anos há muitas mas Agatão escolhe uma figura que foi determinante: Gilberto Branquinho.
“Penso que fiquei tantos anos sobretudo pelo facto do presidente ter achado que tinha encontrado o homem certo. Os resultados também ajudaram. Mas tenho a certeza que, mesmo com os resultados, teria sido impossível se não houvesse da parte da direção e do presente uma vontade férrea em que eu continuasse”, sentencia.
De saída para os angolanos do Recreativo de Cáala - “é uma oportunidade muito boa” - Agatão faz um balanço positivo aos oito anos de ‘fabril’ ao peito. Quando chega ao haver e dever, o técnico só encontra uma falha: a subida de divisão.
“Houve dois ou três anos que a equipa teve qualidade futebolística para almejar a subida. Saio com esse amargo de boca mas saio consciente. O legado que deixamos é um de competência, qualidade e seriedade”, afirma.
Sobre o seu sucessor - André Branquinho, seu adjunto nos últimos quatro anos - Agatão não tem dúvidas: o clube está bem entregue. “Disse-lhe que esta é a oportunidade da vida dele e reconheço-lhe competências. É um líder e acredito que vai continuar a fazer do Operário uma equipa de sucesso”, diz.