Autor: Lusa/AO online
“A falta de preocupação que vemos em muitos países pelo sofrimento e a exploração deste tipo de pessoas desesperadas é muito chocante”, afirmou o Alto Comissário para os Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas, Zeid Ra'ad al-Hussein, no início de conversações sobre o tema, em Genebra.
Neste ano, 207 mil migrantes e refugiados foram em busca de uma vida melhor na Europa, um número quase três vezes superior ao recorde anterior de 70.000 durante a guerra civil na Líbia, em 2011. Nesse processo, morreram 3.419 pessoas.
Pela primeira vez em várias décadas, quase metade dos que se decidiram a fazer a viagem para a Europa foram refugiados líbios, ucranianos, sírios e iraquianos levados a sair dos seus países por desastres naturais e escassez de alimentos e água, e não imigrantes económicos.
“Se famílias inteiras estão a arriscar suas vidas no mar hoje é porque já perderam o tudo resto e não vêm outra opção para encontrar segurança”, afirmou o Alto Comissionado para os Refugiados da ONU, Antonio Guterres.
Guterres está a organizar uma reunião de dois dias para apelar a governos, organizações não-governamentais e representantes de grupos navais com a finalidade de aumentar esforços para fazer frente às razões pelas quais as pessoas arriscam a sua vida nos barcos de contrabando.
Ante a política anti-imigração europeia, Guterres advertiu que não se pode impedir os fugitivos dos conflitos e da perseguição mundial de terem acesso a condições de segurança.
O Mediterrâneo é a rota mais mortífera, mas o Mar Vermelho e o Golfo de Áden, onde este ano se registaram 242 mortos, e a Bahia de Bengala, com 540, são outros locais críticos.