A interacção entre os ecossistemas marinhos e o clima é um dos temas em discussão na reunião semestral da European Platform for Biodiversity Research Strategy (EPBRS), que decorre entre hoje e sexta-feira no Porto.
"Todos reconhecemos que as mudanças climáticas agravam os problemas existentes, mas é necessário investigar também o impacto nos ecossistemas marinhos das estratégias para combater essas mudanças climáticas", defendeu Isabel Sousa Pinto, em declarações à Lusa.
A especialista do Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental da Universidade do Porto (CIIMAR) e responsável pela organização da reunião semestral da EPBRS, exemplificou com a aposta na energia eólica, na energia das ondas e na energia das marés.
"Qual é o impacto que isto vai ter na biodiversidade?", questionou, defendendo que aqueles investimentos devem avançar desde que os seus promotores tenham em conta os ecossistemas e não apenas uma maior eficiência energética.
Isabel Sousa Pinto alertou ainda para o facto de quando os ecossistemas deixarem de funcionar por causa das mudanças climáticas, isso se reflectir também no próprio clima.
A par desta discussão, a responsável pela reunião, organizada no âmbito da Presidência Portuguesa da União Europeia, destacou, entre as prioridades da investigação, a "urgente e necessária" criação das áreas protegidas marinhas em Portugal.
"Temos de proteger habitats e ecossistemas, mas não sabemos onde eles estão, porque a informação existente é deficiente e está dispersa", afirmou.
A designação das áreas protegidas marinhas tem de estar concluída até 2010, pelo que, defendeu Isabel Sousa Pinto, é necessário avançar com a elaboração de uma base de dados que contenha a informação relevante que actualmente se encontra dispersa.
"Esta é uma área urgentíssima para Portugal, porque precisamos dela para aplicar as políticas", frisou.
A especialista reconheceu ainda que "a pesca continua a ser um dos principais problemas da biodiversidade marinha".
"Para continuar a pescar é preciso não só investigação no ecossistema marinho mas também conseguir que os intervenientes humanos tenham em consideração os resultados dessa investigação, que apontam para a necessidade de reduzir certas capturas", acrescentou.
A reunião semestral da EPBRS destina-se a identificar os principais caminhos para a investigação e a produção do conhecimento necessários para proteger eficazmente a biodiversidade marinha, assegurando simultaneamente a utilização eficiente e sustentável dos recursos marinhos.
Participam investigadores e representantes das entidades nacionais e internacionais que tratam das questões da biodiversidade marinha.
"Pretendemos rever os conhecimentos existentes, bem como identificar e discutir a investigação estratégica necessária para o ambiente marinho, em particular à luz das novas políticas da União Europeia", explicou Isabel Sousa Pinto.
Mudanças climáticas com "impactos profundos" nos ecossistemas marinhos
As mudanças climáticas têm "impactos profundos" nos ecossistemas marinhos porque agravam os efeitos da pesca e da destruição de habitats, afirmou, no Porto, a especialista Isabel Sousa Pinto.
Autor: Lusa / AO online
