Ucrânia

Chefe da NATO exclui adesão e pede garantias devastadoras contra Rússia

O secretário-geral da NATO excluiu a adesão da Ucrânia à organização devido à oposição de alguns aliados, mas defendeu garantias para Kiev que prevejam uma resposta devastadora em caso de nova agressão russa



"Vladimir Putin tem de saber que, se voltar a atacar a Ucrânia após um acordo de paz, a reação será devastadora”, afirmou Mark Rutte, referindo-se ao Presidente russo, citado pela agência noticiosa espanhola EFE.

Rutte explicou durante uma conferência de imprensa em Orzysz, no norte da Polónia, que qualquer país do espaço euro-atlântico pode solicitar a adesão à NATO, conforme disposto no Tratado do Atlântico Norte.

Referiu que na cimeira de 2024, os líderes da NATO concordaram que o caminho da Ucrânia para a adesão era irreversível.

Mas admitiu a existência de “elementos práticos” e que alguns aliados, entre os quais a Hungria e os Estados Unidos, sinalizaram que não darão o consentimento à entrada da Ucrânia, que tem de ser aprovada por unanimidade.

Se o ingresso da Ucrânia na NATO não for possível, disse ser necessário encontrar uma fórmula para prevenir que ocorra uma nova invasão russa no futuro, caso se alcance um acordo de paz que ponha termo à guerra em curso desde fevereiro de 2022.

Rutte delineou futuras garantias de segurança a três níveis, sendo o primeiro constituído pelas próprias forças armadas ucranianas.

Uma segunda camada de segurança seria a proteção conferida pela designada “coligação de voluntários” ou “coligação dos dispostos”, liderada pela França e pelo Reino Unido, que poderá adotar a forma de uma força de paz.

Um terceiro nível implica os Estados Unidos, num formato que está a ser objeto de debate, segundo referiu.

O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, recusou hoje em Bruxelas renunciar à adesão do país à NATO, como exige a Rússia, um objetivo que está consagrado na Constituição da Ucrânia.

“Não vou mudar a minha Constituição - que é o que os ucranianos decidiram - só porque isso é o que a Rússia quer”, afirmou no final de uma reunião com os líderes da União Europeia (UE).

Zelensky reconheceu que a atual administração dos Estados Unidos de Donald Trump não apoia a entrada da Ucrânia na NATO, mas ressalvou tratar-se de algo circunstancial.

“A política dos Estados Unidos é que não nos vê na NATO, por agora. Mas tudo na política é por agora, a política muda e podem chegar à conclusão que a Ucrânia reforça a NATO”, afirmou.

“Só os membros da NATO podem dizer quem querem lá”, acrescentou.

A segurança da Ucrânia é uma das questões que representantes ucranianos e norte-americanos vão analisar a partir de sexta-feira, nos Estados Unidos, a que se seguirá uma reunião entre delegações de Washington e de Moscovo.

As conversações realizam-se no âmbito das negociações sobre o plano do Presidente Donald Trump para tentar pôr termo à guerra que a Rússia iniciou com a invasão da Ucrânia em fevereiro de 2022.

O secretário-geral da NATO abordou o tema da Ucrânia depois de visitar o Centro de Treino de Campo das Forças Terrestres em Orzysz, sede do Agrupamento Tático Multinacional da Aliança Atlântica, acompanhado pelo ministro da Defesa polaco, Wladyslaw Kosiniak-Kamysz.

A força é constituída por efetivos da Polónia, Roménia, Croácia, Estados Unidos e Reino Unido.

Kosiniak-Kamysz anunciou que as duas baterias de defesas antiaéreas Patriot de que a Polónia dispõe atingiram hoje a plena operacionalidade, um facto que classificou como histórico.

Confirmou também o apoio polaco à vizinha Lituânia no reforço das defesas no corredor de Suwalki e levantou a possibilidade da realização de manobras militares conjuntas no local, considerado estratégico para a NATO.

Antes, Rutte reuniu-se com o Presidente polaco, Karol Nawrocki, que agradeceu ao secretário-geral da NATO o reconhecimento da contribuição significativa da Polónia para a segurança comum.


PUB

Premium

O psiquiatra João Mendes Coelho defende o reforço da resposta clínica do Serviço Regional de Saúde (SRS) ao consumo de drogas nos Açores, alertando para os riscos do policonsumo e da automedicação. O alerta surge na sequência dos dados do inquérito europeu sobre drogas, que revelam padrões de consumo preocupantes na região