A população concentrou-se na Praça do Município e marchou depois até ao Hospital José Luciano de Castro, que presta também cuidados de saúde aos habitantes dos concelhos de Mealhada, Mortágua, Oliveira do Bairro e parte de Cantanhede, estendendo-se ainda até ao IC2.
Numa tarde de sol, os manifestantes gritaram palavras de ordem contra o Governo e o ministro da Saúde, num cortejo que era encabeçado pelo presidente da Câmara municipal e por presidentes de juntas de freguesia e duas viaturas com altifalantes.
Litério Marques, presidente da autarquia de Anadia, acusa o ministro da Saúde, Correia de Campos, de "se ter portado mal" neste processo, por ter dito que "ia tratar o concelho diferente porque era um caso diferente".
"Nunca me disse que encerrava as urgências", garantiu, acrescentando que se sente "enganado".
"Anadia é um caso diferente porque tem um hospital com todas as condições, onde os governos gastaram nos últimos dois/três anos cerca de três milhões de euros, em renovação de instalações e equipamentos", explicou o autarca social-democrata.
O edil salientou ainda que se trata de um hospital certificado, com um corpo clínico, de enfermagem e administrativo completíssimo, onde se fazem intervenções cirúrgicas e que abrange uma população superior a 100 mil habitantes.
"Nunca nos foi proposto qualquer acordo e as propostas que encerram são tão vagas, que nem propostas são", afirmou Litério Marques, quando questionado sobre a existência de um protocolo com o ministro da Saúde.
Segundo o presidente da Câmara, ainda não existe nenhuma comunicação por escrito a informar que as urgências do hospital vão encerrar, apenas uma ordem de serviço da Administração Regional de Saúde do Centro a anunciar o fecho no dia 02 de Janeiro.
"Com o pretexto de nos tirar as urgências, estão a encerrar definitivamente o Hospital de Anadia", disse Litério Marques.
"Só uma pessoa que não tenha bom senso é que não vê nesta massa humana a reprovação da sua atitude. O senhor ministro não está informado, deve vir ao local informar-se e falar comigo", sugeriu o autarca.
O presidente da autarquia afirmou ainda que se o ministro da Saúde não voltar atrás na sua intenção, a comunidade de Anadia está disponível para avançar com medidas jurídicas que possam "impedir o Governo de retirar ao município aquilo que está consagrado na Constituição: o direito à saúde".
Otília Silva, de Anadia, que participava no protesto, não entende como é "que o Governo pretende encerrar um hospital onde não falta nada e que é o segundo melhor a nível nacional com melhores equipamentos".
O concelho de Anadia, no distrito de Aveiro, possui 15 freguesias e uma população de 32 mil habitantes, que vive maioritariamente da agricultura.
O dia de hoje foi marcado por uma outra manifestação de cerca de 200 pessoas, em Alijó, contra o encerramento do Serviço de Atendimento Permanente (SAP) durante o período nocturno, anunciado pelo Ministro da Saúde para "depois das Festas".
Milhares protestam contra fecho de urgência hospitalar
Milhares de pessoas efectuaram esta tarde uma marcha lenta em Anadia, em protesto contra o anunciado encerramento das urgências do Hospital José Luciano de Castro que abrange ainda vários concelhos vizinhos.
Autor: Lusa/AOonline
