Jornal açoriano A Crença celebra 110 anos de publicação ininterrupta

O jornal A Crença assinala esta sexta-feira 110 anos de publicação ininterrupta, continuando este periódico açoriano, propriedade da igreja, a chegar regularmente aos leitores, apostando agora no reforçar a sua presença na informação e na comunidade




“É verdadeiramente um feito notável de publicação contínua, sem interrupção. Naturalmente que a longevidade do jornal se deve a uma dedicação incansável dos fundadores, trabalhadores e colaboradores e, principalmente, dos leitores fiéis, que, de geração em geração, garantiram a sustentabilidade do periódico”, disse à agência Lusa o padre José Borges, diretor do jornal.

Fundado a 19 de dezembro de 1915 pelos padres Manuel Ernesto Ferreira e João Melo de Bulhões, em Vila Franca do Campo, na ilha de São Miguel, nos Açores, o jornal, de "inspiração cristã, nasceu em plena primeira guerra mundial” e atravessou “convulsões sociais e transformações tecnológicas profundas”, mas manteve-se “sempre” para “informar à luz dos valores cristãos e ensinar a doutrina social da igreja”, segundo o diretor.

“Parece uma velhinha por quem temos muito carinho, mas que tem a sabedoria da vida e de um passado sólido. Ele é mais do que um periódico. É um testemunho vivo da resiliência, da fé e do compromisso com a verdade e com a informação”, sustentou o pároco e Ouvidor de Vila Franca do Campo.

Atualmente, o jornal conta com cerca de 450 assinaturas, cobrindo Vila Franca do Campo, várias localidades da Diocese de Angra, o continente e a diáspora açoriana (Estados Unidos da América e Canadá).

A publicação é mensal, com 20 páginas, uma tiragem de 500 exemplares e um custo de 2,50 euros por edição.

A assinatura anual tem o valor de 30 euros, sendo o jornal entregue em papel na casa dos assinantes ou adquirido diretamente na tipografia.

"Com dois trabalhadores efetivos e uma vasta rede de colaboradores, A Crença mantém-se como um projeto resistente e resiliente, num contexto em que a sobrevivência da imprensa escrita enfrenta desafios crescentes", considerou o atual diretor, que assumiu o projeto há cerca de três anos.

Para o padre José Borges, o jornal "é um património da imprensa regional", afirmando-se como "uma das mais antigas publicações de inspiração cristã ainda em circulação em Portugal”.

Apesar de manter o formato impresso, o jornal tem uma página na rede social Facebook e quer solidificar-se com recurso às "novas ferramentas de comunicação, para que a mensagem chegue a todas as idades e plataformas", disse o diretor.

De acordo com José Borges, um dos projetos passa por assegurar quem se dedique à parte digital.

Por outro lado, "já se iniciou um outro projeto, em parceria com o Diário da Lagoa, um jornal com uma dimensão muito semelhante ao jornal A Crença e a ideia é a troca de serviços e de recursos para que possamos continuar a vencer este tempo", adiantou.

Também este ano, A Crença já começou a chegar a todas as escolas da região e instituições particulares de solidariedade social da ilha de São Miguel, na sequência de um programa de apoio aos media do Governo Regional.

Segundo o diretor, o programa "já se iniciou em novembro e no total serão 270 novas assinaturas" que permitirão também "aprofundar a leitura, ajudar na sustentabilidade do jornal e numa maior divulgação do periódico".

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