Açoriano Oriental
Harold Pinter condena estátua a LLoyd George
O escritor britânico Harold Pinter, Nobel de literatura, tomou esta sexta-feira posição contra a estátua erigida em Londres em honra de David Lloyd George, o primeiro-ministro britânico que ordenou o bombardeamento de vários países do Médio Oriente durante a Primeira guerra mundial.

Autor: Lusa / AO online
Pinter, a par de outras personalidades de esquerda, como o jornalista australiano John Pilger e o ex-coordenador humanitário da ONU no Iraque Denis Hallyday, condenam numa carta ao "The Daily Telegraph" a decisão de erigir uma estátua ao político galês, que chefiou o governo britânico entre 1916 e 1922.

"É uma vergonha", qualifica Pinter. O monumento foi inaugurado oficialmente quinta-feira na praça do Parlamento de Londres pelo príncipe de Gales, Carlos, e a sua mulher, a duquesa de Cornualha.

Segundo os críticos, a Grã-Bretanha, sob a liderança de Lloyd George, utilizou a aviação para bombardear o Afeganistão, o Egipto, o Irão e o Iraque.

"Essas políticas pérfidas continuam hoje. E, assim, os aviões britânicos lançaram mais bombas sobre objectivos iraquianos em Julho e Agosto deste ano do que nos três primeiros anos (da ocupação do Iraque)", escrevem Pinter e os restantes signatários na sua carta.

"Um relatório recente - lê-se na carta - calcula que 116.000 iraquianos morreram nos bombardeamentos aéreos desde o começo da invasão em 2003".

Ao político liberal britânico é atribuída também uma afirmação, qualificada de "infame", feita em 1934, segundo a qual a Grã-Bretanha tinha o direito de "bombardear os negros".

Lloyd George passou igualmente à história pela venda de títulos honoríficos aos "benfeitores" do seu Partido Liberal, uma prática que obrigou a introduzir, em 1925, uma lei para prevenir esse tipo de abusos políticos.

Os seus defensores, entre os quais o próprio príncipe de Gales, cuja fundação participou no financiamento da estátua, destacaram, pelo contrário, a contribuição por ele dada para a criação do "Estado de bem-estar" britânico e os seus "dotes de estadista".
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