Ucrânia

Putin nega rejeitar plano de Trump e passa 'a bola' a Kiev e europeus

O Presidente russo, Vladimir Putin, negou ter rejeitado o plano de paz para a Ucrânia do homólogo norte-americano, Donald Trump, e disse que “a bola” estava agora do lado de Kiev e dos europeus



“Isso é absolutamente incorreto e não tem qualquer fundamento”, afirmou Putin durante uma conferência de imprensa anual transmitida pela televisão, citado pela agência de notícias espanhola EFE.

“A bola encontra-se totalmente do lado dos nossos adversários ocidentais, principalmente do chefe do regime de Kiev [Volodymyr Zelensky] e dos seus patrocinadores europeus”, disse o líder russo.

Putin lembrou que se reuniu com Trump em agosto, no Alasca, e que praticamente aceitou as propostas do Presidente dos Estados Unidos, depois de os emissários de Washington terem solicitado que Moscovo fizesse “certas concessões”.

“Trump realiza esforços importantes para pôr fim ao conflito. Como referi no passado, ele fá-lo, do meu ponto de vista, de maneira absolutamente sincera”, assinalou.

Putin reafirmou na quarta-feira que, caso as negociações diplomáticas fracassassem, a Rússia recuperaria os “territórios históricos russos” na Ucrânia “pela via militar”.

Moscovo rejeitou categoricamente a possibilidade de um destacamento de tropas de países membros da NATO no país vizinho como garantia de segurança para a Ucrânia após o fim da guerra.

A presidência russa confirmou que uma delegação de Moscovo manterá no fim de semana consultas com representantes norte-americanos para abordar o resultado das negociações em Berlim com ucranianos e europeus.

Putin também rejeitou qualquer responsabilidade pelas mortes causadas pela guerra na Ucrânia, desencadeada pela Rússia há quase quatro anos, atribuindo-a às autoridades ucranianas.

“Não nos consideramos responsáveis pela morte das pessoas, porque não começámos esta guerra”, afirmou, citado pela agência de notícias France-Presse (AFP).

Putin acusou o Ocidente e Kiev de terem enganado a Rússia ao abrigo dos acordos de Minsk, de 2014 e 2015, sobre o Donbass, a região no leste da Ucrânia constituída por Donetsk e Lugansk.

A Rússia anexou Donetsk e Lugansk em setembro de 2022, juntamente com Kherson e Zaporijia, depois de ter feito o mesmo à Crimeia em 2014.

Os acordos de Minsk foram mediados pela França e pela Alemanha, e contaram com a participação da Ucrânia, da Rússia, dos separatistas do Donbass, apoiados por Moscovo, e da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE).

Os acordos acabaram por nunca ser totalmente implementados, com acusações mútuas de violações, levando ao colapso com a invasão russa em 2022.

Putin emocionou-se ao falar dos soldados russos de diferentes origens que combatem na Ucrânia e interrompeu brevemente uma resposta enquanto se percebia o lábio inferior a tremer, segundo a EFE.

Admitiu que “a busca pelos soldados desaparecidos (...) é um tema muito grave” e disse que o Ministério da Defesa tomou medidas que melhoraram a situação.

Tais medidas permitiram reduzir para metade o número de desaparecidos em combate desde o início do ano, referiu, sem especificar.

A Rússia não publica dados oficiais sobre as baixas na Ucrânia desde setembro de 2022, quando anunciou 5.937 mortos.

Fontes independentes admitem atualmente mais de 200 mil mortos e acima de um milhão de baixas totais, segundo a EFE.

Em comparação, o exército soviético perdeu cerca de 15 mil soldados nos 10 anos em que combateu no Afeganistão (1979-1989).

Os serviços demográficos russos deixaram de publicar parcialmente informação, o que impede os meios de comunicação independentes de calcular as referidas baixas.

Segundo estas fontes, a Rússia perde mais de 30 mil soldados por mês, não sendo capaz de mobilizar homens suficientes para repor as brigadas que combatem na Ucrânia.

Caso as hostilidades não parem, em 11 de janeiro de 2025 o exército russo terá combatido tantos dias — 1.418 — como o exército soviético durante a chamada Grande Guerra Patriótica (1941-1945).


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