Autor: AO Online
Partindo do ciclo de canções Dichterliebe [Amor(es) de poeta], compostas por Robert Schumann em 1840, Está Visto toma a forma de um recital procurando com que as práticas de canto, piano e dança interajam e transbordem umas nas outras. As canções de estilo romântico, com poesia de Heinrich Heine, falam de amor não correspondido. Esta falta de reciprocidade reproduz-se em ideias coreográficas que desarticulam a linguagem, fracionando o gesto com as letras das canções, o som e a escuta num corpo em atravessamento.
João dos Santos Martins prossegue a sua investigação sobre a relação entre a escrita da dança e a expressividade do corpo através de uma interação entre gesto, som e signo, transitando entre corpo e carne. A figura lírica surge como um lugar de transfiguração do sujeito através da voz – e a sua invisibilidade tornada visível – em diálogo com a materialidade física do corpo em movimento. A linguagem aparece como um lugar de especulação através do qual o corpo é atravessado por fonéticas, sinais e gestos que o fazem ressoar como comunicador e também como expressivo de textura, sensualidade e sensação.
Em Está Visto, João dos Santos Martins colabora com a pianista Joana Sá no “desarranjo” da composição original de Schumann, com Ana Jotta na elaboração do figurino, e com Filipe Pereira, bailarino e coreógrafo, no desenvolvimento do desenho de luz. Ainda, com a atriz Cláudia Dias na tradução dos poemas de Heinrich Heine para Língua Gestual Portuguesa, com o intérprete de LGP Miguel Ralha no apoio gestual, e com o barítono Rui Baeta no apoio vocal.
Está Visto é uma co-produção Associação Parasita, BoCA Bienal e Anda&Fala - Associação Cultural/ vaga - espaço de arte e conhecimento, apresentada agora em São Miguel (depois de subir a palco em Lisboa e Faro), com a colaboração do Arquipélago - Centro de Artes Contemporâneas.
Os bilhetes para a performance têm o valor de 5€ e podem ser adquiridos na receção e/ou bilheteira do Arquipélago - Centro de Artes Contemporâneas, na Ribeira Grande.