Autor: Lusa/AO online
"Quando instalada, a aplicação recolhe periodicamente informação relacionada com a utilização de bateria, como, por exemplo, percentagem de carga, aplicações em execução ou utilização de sensores, e envia-a para uma infraestrutura na 'cloud' (nuvem)", também criada pelos mesmos especialistas, refere a UC numa nota enviada hoje à agência Lusa.
Na prática, explicita João Paulo Fernandes, coordenador do estudo, "como nos desenhos animados, se se colocar em sequência várias imagens estáticas, observa-se a perspetiva dinâmica que elas asseguram".
"A perspetiva dinâmica que procuramos, reflete, para cada utilizador e cada dispositivo, o modo como a sua bateria é consumida", acrescenta, citado pela UC, o investigador e docente no Departamento de Engenharia Informática da Faculdade de Ciências e Tecnologia de Coimbra.
Denominada BatteryHub, a aplicação foi criada por uma equipa de investigadores das universidades de Coimbra (UC) e da Beira Interior (UBI), e da brasileira Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), que participa na iniciativa GreenHub, inserida no projeto de investigação Green Software Lab, financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT).
O objetivo principal da investigação é "construir um repositório de dados o mais alargado possível e representativo do consumo de energia em baterias de diferentes dispositivos móveis, sistemas operativos, aplicações e utilizadores", salienta João Paulo Fernandes.
"Pretende-se que, no futuro, seja possível utilizar os dados recolhidos para traçar o perfil de consumo dos dispositivos e assim identificar oportunidades de poupança de energia", sintetiza o investigador, destacando que "esta é a inovação do projeto".
Os dados recolhidos serão, entretanto, objeto de estudo da própria equipa de investigadores, ao mesmo tempo que estarão à disposição das comunidades científica e industrial, através de tecnologia também já desenvolvida.
A privacidade dos utilizadores "está totalmente garantida, porque não é recolhida nenhuma informação que permita a sua identificação", assegura João Paulo Fernandes.
"Para o tipo de análise que faremos, não temos necessidade de identificar os utilizadores, mas apenas de os distinguir, o que é conseguido associando um código alfanumérico aleatório a cada um dos utilizadores", acrescenta, sublinhando que não serão recolhidos "números telefónicos, números de série, IMEI [identificação internacional de equipamento móvel] ou quaisquer outros".
"Este é um desafio que se coloca à comunidade, à qual se pretende retribuir informação com valor real. Por agora, a participação dos utilizadores é fundamental", conclui.
Por enquanto, a aplicação BatteryHub está apenas disponível para Android, indica a UC, adiantando que o projeto de investigação (https://greenhub.hmatalonga.com/) foi iniciado há dois anos.