Açoriano Oriental
Crise financeira dominou debate quinzenal
A crise financeira e a onda de criminalidade dominaram grande parte do primeiro debate quinzenal com o primeiro-ministro depois do Verão, numa discussão onde José Sócrates rejeitou, nesta legislatura, a legalização dos casamentos homossexuais.
Crise financeira dominou debate quinzenal

Autor: Lusa / AO Online
    “O casamento de homossexuais não está na agenda política nem do Governo nem do PS. Não está no programa do Governo do PS e o PS não anda a reboque de nenhum outro partido”, disse José Sócrates, em resposta ao Partido Ecologista “Os Verdes” (PEV) que, pela primeira vez, abriu um debate quinzenal com o primeiro-ministro.

    O PEV, tal como o Bloco de Esquerda, tem um projecto-lei para regular o casamento de homossexuais, que será discutido no Parlamento a 10 de Outubro, mas que contam com o chumbo garantido da maioria socialista.

    Num debate que decorreu num tom mais cordial do que é habitual entre a bancada do Governo e a oposição, o primeiro-ministro anunciou que o executivo vai investir 400 milhões de euros em tecnologias nas escolas “nos próximos anos”, elegendo a educação como a grande batalha do executivo.

    Francisco Louçã, líder do Bloco de Esquerda, desafiou o primeiro-ministro a tomar medidas para combater as consequências em Portugal da crise financeira com origem nos Estados Unidos.

    Na resposta, José Sócrates lamentou que a situação financeira de Portugal esteja a sofrer as consequências da “total irresponsabilidade” na supervisão dos mercados financeiros norte-americanos e garantiu que o Governo está a “preparar trabalho de casa” em matéria de regulação, mas sem avançar medidas concretas.

    Ainda em resposta ao BE, que defendeu a descida da Euribor, o primeiro-ministro disse confiar nos governadores do Banco Central Europeu para compararem as taxas de juro actuais na Europa e Estados Unidos, onde são muito mais baixas.

    Também o PSD, pela voz do líder parlamentar Paulo Rangel recorreu à crise financeira para questionar o primeiro-ministro sobre os encargos do Estado com as obras públicas, dizendo que existe uma situação de “promiscuidade total” nesta matéria.

    O primeiro-ministro, José Sócrates, deu a entender que o Governo não vai rever o seu plano de obras públicas e remeteu a questão para o PSD.

    “Os investimentos que nós queremos estão claros. O que não está claro para o país, porque os senhores mais uma vez não respondem, é quais é que os senhores acham que deviam prosseguir”, ripostou.

    O PSD introduziu ainda no debate a questão da criminalidade, desafiando o primeiro-ministro a garantir que existirão mais efectivos policiais nas ruas, recebendo a promessa de José Sócrates de que haverá dois a três mil militares da GNR transferidos para funções operacionais até ao final deste ano.

    A questão foi retomado pelo líder do CDS-PP, Paulo Portas, que confrontou o primeiro-ministro com a saída de 4600 polícias e agentes da GNR desde 2005, com José Sócrates a defender que a admissão de 2000 novos efectivos “é suficiente” para as necessidades do país, salientando que Portugal é dos países da União Europeia com mais polícias por habitante.

    O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, fugiu aos temas dominantes do debate, acusando o Governo de “marcha-atrás” nas áreas sociais e laborais, com a revisão do Código do Trabalho aprovada pela maioria socialista.

    O primeiro-ministro alinhou nas metáforas automobilísticas e acusou o PCP de estar “em ponto morto” e não evoluir.

    No primeiro debate quinzenal com o primeiro-ministro na Sala do Senado - o plenário está em obras até Novembro - as difíceis condições acústicas voltaram a dificultar o trabalho dos jornalistas, com os deputados a “atravessarem” constantemente a bancada da comunicação social para poderem chegar aos seus lugares.
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