Açoriano Oriental
Cerâmica típica da cidade açoriana da Lagoa utilizada em artigos de bijuteria
A cerâmica típica da Lagoa, nos Açores, está a ser utilizada em artigos de bijuteria, no âmbito de uma parceria entre a empresa centenária da ilha de São Miguel e a artista Paula Gouveia
Cerâmica típica da cidade açoriana da Lagoa utilizada em artigos de bijuteria

Autor: Lusa/AO Online

“Cada peça é única, uma vez que são todas pintadas à mão, e isso atribui-lhes, de facto, um valor diferente”, disse à agência Lusa Paula Gouveia, de 55 anos.

Natural de Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, mas a residir atualmente em Lisboa, Paula Gouveia começou a trabalhar com pedra de basalto na feitura de colares, brincos e pulseiras, porque “precisava de algo" que a preenchesse, passando depois para a cerâmica, que queria relacionada com os Açores.

“Queria algo mais original que transportasse o nome dos Açores e criei esta coleção com a cerâmica Vieira, a que chamei ‘Pedacinhos dos Açores’”, referiu.

A coleção “Pedacinhos dos Açores”, que inclui colares, brincos e pulseiras, contempla nas peças elementos alusivos ao arquipélago, como o ananás, a tradicional mulher de capote, o moinho ou as hortênsias, para que as pessoas "possam usar e recordar um pouco os Açores”.

Para enriquecer os artigos bijuteria com louça da Lagoa, de cor branca e azul, Paula Gouveia, que trabalha nesta área há sete anos, introduziu outro elemento decorativo, a pedra lápis-lazúli, visando valorizá-las, principalmente para os colecionadores.

A fábrica de cerâmica Vieira, fundada por Bernardino Silva, em 1862, produz louça decorativa, azulejos, tijoleira e telhas, entre outras peças, sendo a sua obra vulgarmente conhecida por “louça da Lagoa”.

As peças são feitas com base no mesmo processo de há século e meio, na roda do oleiro. Depois de secar, a peça volta novamente à roda, para o barro ser de novo cozido e, posteriormente, vidrado e pintado, voltando a cozer.

Manuela Vieira, uma das responsáveis da empresa, considerou os artigos de Paula Gouveia uma “mais-valia para a fábrica”, que, desta forma, “diversifica e enriquece” a sua produção.

A responsável considerou que esta nova área de produção confere um “ar de modernidade” à cerâmica Vieira, contribuindo, também, para o “enriquecimento das artes” nos Açores.

“Este é um tipo de produto que é transversal a todos os escalões etários, sendo que os mais jovens procuram mais os colares e os mais idosos peças mais discretas”, disse Manuela Vieira, que mantém no espaço de vendas da fábrica uma área específica para a criação de Paula Gouveia.

Paula Gouveia declarou que a sua parceria com a fábrica de cerâmica tem sido um “casamento perfeito”, assinalando que são os estrangeiros que mais procuraram as suas peças, chegando, por essa via, a “todas as partes do mundo”.

A artista adiantou que neste momento está a desenvolver contactos com os Estados Unidos da América e Canadá, para que os artigos, com preços entre os 15 e 60 euros, cheguem aos dois países.

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