Açoriano Oriental
Centro de monitorização de objetos no espaço renova importância geoestratégica dos Açores, diz Gomes Cravinho

O ministro da Defesa, João Gomes Cravinho, destacou hoje a renovação da importância geoestratégica do Atlântico, dando como exemplo a instalação de um centro de operações da monitorização de objetos no espaço, inaugurado hoje nos Açores.

Centro de monitorização de objetos no espaço renova importância geoestratégica dos Açores, diz Gomes Cravinho

Autor: Lusa /AO Online

“Engaram-se aqueles que pensavam que o advento da capacidade de abastecimento aéreo, o alcance cada vez mais extenso de novas gerações de aeronaves e o intenso e profuso desenvolvimento tecnológico em matéria militar inevitavelmente ditaria o fim da relevância geoestratégica dos Açores. Acontece que a geografia tende a reaparecer e hoje temos consciência de uma renovada centralidade geoestratégica do Atlântico. E o espaço é uma dimensão inexorável dessa nova realidade geoestratégica”, afirmou.

O governante falava na cerimónia de inauguração do Centro Nacional de Operações do programa Space Surveilance and Tracking (SST), instalado no Parque de Ciência e Tecnologia da Ilha Terceira (Terinov), nos Açores.

O centro, que “controlará e processará a informação de radares e de telescópios” instalados na ilha Terceira e na ilha de Santa Maria, nos Açores, na ilha da Madeira e na Pampilhosa da Serra, em Portugal continental, representou um investimento de 1,5 milhões de euros do ministério da Defesa.

“O investimento em Defesa (…) é uma oportunidade de promover a inovação, a internacionalização e a criação de emprego qualificado em Portugal. Este centro é um bom exemplo deste facto. Com o investimento criámos retorno financeiro, mas mais importante ainda retorno em termos de empregos qualificados, que por sua vez promovem uma lógica de ecossistema que no futuro trará consigo outras oportunidades”, salientou João Gomes Cravinho.

O ministro da Defesa recorreu, num tom mais coloquial, à banda desenhada Astérix e Obélix, em que os habitantes tinham medo de que o céu lhes caísse em cima da cabeça, para explicar a importância do centro agora inaugurado.

“É fundamental termos mecanismos de monitorização como os mecanismos deste centro, para se poder evitar que as funções vitais desempenhadas pelos satélites sejam afetadas por colisões, que são mais do que prováveis, atendendo ao imenso número de objetos que orbitam no espaço”, frisou.

Segundo João Gomes Cravinho, os satélites artificiais, essenciais na sociedade atual, em áreas como a meteorologia, o gps ou as operações militares, tornam-se em detritos espaciais quando terminam o seu tempo de vida útil, havendo “quase um milhão de objetos” à volta da terra.

“Mesmo um objeto pequeno quando viaja a 27 mil quilómetros por hora pode ter um impacto demolidor”, alertou.

“O chefe Abracurcix e a sua esposa Naftalina nem imaginavam como estavam a ser visionários deste novo mundo que hoje habitamos”, rematou, referindo-se à banda desenhada.

Também o presidente do Governo Regional dos Açores, José Manuel Bolieiro, destacou a importância do resgate da posição geoestratégica do arquipélago.

“Acredito na sagacidade destes projetos e desta estratégia e estou convencido de que os Açores são importantes pela sua geoestratégia, mas mais ainda relevantes pela sua dádiva da oportunidade, do seu posicionamento”, afirmou.

O chefe do executivo açoriano realçou ainda o “valor acrescentado dos Açores” e a cooperação com o Governo da República no desenvolvimento de projetos ligados ao espaço e ao mar.

“Precisamos de assumir que dando não perdemos, que na região da ultraperiferia começamos a fazer a conquista da centralidade, que da pobreza podemos ganhar oportunidades de riqueza e que da inteligência do ‘co-working’ podemos muscular as nossas capacidades”, salientou.

O Governo Regional dos Açores e o Ministério da Defesa Nacional já tinham assinado um protocolo de cooperação, em fevereiro de 2019, com vista à instalação deste centro na ilha Terceira, mas hoje foi assinada uma adenda.

O executivo açoriano comprometeu-se a ceder três salas (mais uma do que em 2019) do Parque de Ciência e Tecnologia da ilha Terceira e a financiar as obras necessárias para a sua adaptação, bem como a autorizar a utilização dos espaços exteriores do parque “para efeitos de teste, de desenvolvimento e de validação de tecnologias associadas ao programa SST”.

Já o Ministério da Defesa comprometeu-se a adquirir os equipamentos e a integrar elementos indicados pelos Açores na delegação portuguesa do SST nos comités técnicos e de gestão.

Os encargos com a manutenção da rede SST serão partilhados e os recursos humanos civis necessários à operação “deverão ser assegurados sempre que possível através de recrutamento regional”.


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