Autor: Lusa/AO Online
O concelho de Santa Cruz das Flores registou uma perda de 11,7% da população nos últimos 10 anos, de acordo com os resultados preliminares dos Censos de 2021 divulgados hoje.
“Há falta de oportunidades profissionais para os jovens que vão estudar para o exterior, daí que estes estudantes depois não regressam à ilha”, vincou o autarca de Santa Cruz das Flores, José Carlos Mendes, em declarações à agência Lusa, referindo que este “não é um problema só do concelho de Santa Cruz, mas de muitos sítios”.
“Temos a perfeita consciência do envelhecimento da população e da perda de população. E temos também alguns dados que nos dão essas indicações”, afirmou.
O presidente da Câmara Municipal de Santa Cruz das Flores indiciou que, no concelho de Santa Cruz, “em média nascem anualmente 12 bebés e os óbitos estão na casa dos 28/29”.
Mas o concelho regista também “uma movimentação” de residentes, principalmente de “estudantes”, assinalou.
Segundo José Carlos Mendes, “praticamente todas as famílias” do concelho “fazem um investimento e um esforço financeiro para que os filhos possam estudar no exterior, mas a grande maioria não regressa" à ilha, porque "não existem oportunidades profissionais adequadas para a fixação destes jovens”.
José Carlos Mendes salientou que a autarquia, “dentro das suas capacidades e competências, tenta combater esse fenómeno” de decréscimo populacional, tendo estipulado "apoios diversos à natalidade" e "ateliers de tempos livres gratuitos".
"Durante os primeiros três anos de vida, a Câmara dá um apoio de 75 euros mensais a cada bebé que nasce", explicou o autarca.
O presidente de Câmara detalhou que existem ainda outras medidas "para tentar tornar o concelho mais atrativo" e fixar famílias jovens, nomeadamente apoios à habitação, atribuição de bolsas de estudo, "taxas mínimas" de Imposto Municipal sobre Imóveis" e "recolha de resíduos sólidos e urbanos gratuita".
“Mas, efetivamente, não é fácil inverter essa situação”, admitiu.
Os Açores registaram uma quebra de população residente de 4,1% desde 2011, segundo os dados preliminares dos Censos 2021 revelados hoje, com o concelho da Madalena, na ilha do Pico, a ser o único a registar crescimento (4,7%).
O arquipélago tinha 246.772 habitantes em 2011 e perdeu 10.115 no espaço de 10 anos, o equivalente a 4,1%, tendo agora 236.657 residentes.
A região foi a quarta no país a perder mais população, a seguir ao Alentejo (6,9%), Madeira (6,2%) e Centro (4,3%).